Carinho dos pais beneficia a alma e o
cérebro de crianças e adolescentes
Afeto (físico e verbal) interfere diretamente no desenvolvimento dos filhos – e a falta dele pode ter consequências severas em curto e médio prazo
Abraços, beijos e falar “eu te amo” nunca estão em falta na casa da publicitária Miche Kretschmer, mãe de Isadora, 11, e de Alícia, de quatro anos. “A Isa é mais na dela e, com a pré-adolescência chegando, não quer muito ‘nhenhenhém’, mas sempre diz que me ama, que ama o pai, dá boa noite com carinho. Já a Alícia é mais fofinha, vive nos beijando, abraçando, pedindo cosquinha e ‘me cheira’, fazendo a lista de todos que ama. Elas têm personalidades diferentes, mas o carinho que recebem e dão é o mesmo. E é bastante”, conta.
>> Veja atitudes do dia a dia que demonstram o carinho dos pais pelos filhos:
Abraços e afagos são ótimas maneiras de os pais demonstrarem carinho pelos filhos. O contato físico que ‘embala’ passa a mensagem de segurança. Foto: Thinkstock/Getty Images
Com beijos no rosto, na cabeça e nos machucados das crianças (a velha crença de que beijos dos pais curam), os adultos mostram que a relação é cheia de afeto. Foto: Thinkstock/Getty Images
Com beijos no rosto, na cabeça e nos machucados das crianças (a velha crença de que beijos dos pais curam), os adultos mostram que a relação é cheia de afeto. Foto: Thinkstock/Getty Images
Olhar nos olhos dos filhos é uma das maneiras mais eficazes de, sem a necessidade de palavras, mostrar que eles são amados. Foto: Thinkstock/Getty Images
Aproveitar momentos de reunião familiar, como o café da manhã, o almoço e o jantar, para conversar é uma forma de espalhar carinho entre pais e filhos . Foto: Thinkstock/Getty Images
Além de proporcionar memórias maravilhosas, brincar com as crianças em casa faz com que elas sintam o afeto dos pais e o retribuam. Foto: Thinkstock/Getty Images
Não se deve evitar que a criança caia ou bata o corpo – isso faz parte do amadurecimento –, mas cuidar dela sem broncas na sequência é uma prova de carinho. Foto: Thinkstock/Getty Images
Com beijos no rosto, na cabeça e nos machucados das crianças (a velha crença de que beijos dos pais curam), os adultos mostram que a relação é cheia de afeto. Foto: Thinkstock/Getty Images
Olhar nos olhos dos filhos é uma das maneiras mais eficazes de, sem a necessidade de palavras, mostrar que eles são amados. Foto: Thinkstock/Getty Images
Aproveitar momentos de reunião familiar, como o café da manhã, o almoço e o jantar, para conversar é uma forma de espalhar carinho entre pais e filhos . Foto: Thinkstock/Getty Images
Além de proporcionar memórias maravilhosas, brincar com as crianças em casa faz com que elas sintam o afeto dos pais e o retribuam. Foto: Thinkstock/Getty Images
Não se deve evitar que a criança caia ou bata o corpo – isso faz parte do amadurecimento –, mas cuidar dela sem broncas na sequência é uma prova de carinho. Foto: Thinkstock/Getty Images
Quer que seu filho lembre diariamente o quanto é amado? Aproveite o trajeto da volta da escola para casa para saber como foi o dia dele. Foto: Thinkstock/Getty Images
Quando você evita que seu filho participe de uma brincadeira para a qual não está preparado e em que poderá se machucar, ele entende o cuidado como amor. Foto: Thinkstock/Getty Images
O afeto da família se faz notar no comportamento das garotas. “Elas são seguras, sabem expressar seus sentimentos, deixar claro do que gostam e do que não gostam. E, de certa forma, isso facilita a comunicação com a Isa nessa fase da puberdade”, diz.
Consequências
A segurança mencionada por Miche é o principal ganho das crianças que recebem carinho dos pais, algo que ajudará a moldar suas personalidades. “O afeto recebido na infância, desde o primeiro dia de vida, é a base da autoestima e direciona todos os vínculos que o indivíduo terá na adolescência e na fase adulta”, afirma a Gestalt-terapeuta Nilce Cattassini, especializada em desenvolvimento cognitivo.
A psicóloga Camila Aloísio Alves, doutora em saúde da criança pelo Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), explica que, além disso, o carinho estimula a produção neurológica infantil: “Ele é estruturante tanto para a psique quanto para as conexões cerebrais. Crianças que o recebem de seus pais fazem mais sinapses e têm mais conexões do que as que são privadas dele”.
“O carinho pode ser ilimitado, desde que venha acompanhado pela estipulação de limites", aconselha especialista
Isso repercute no desenvolvimento motor desde muito cedo. “A autopercepção fica mais aguçada e a criança consegue progredir em seus movimentos com muito mais facilidade quando recebe carinho físico – abraços, beijos, afagos. Quem não é ‘embalado’ na infância costuma apresentar muito mais dificuldade para ações como andar, correr e andar de bicicleta”, exemplifica Nilce.
Paralelamente, o carinho verbal – elogios, palavras doces e diálogo – atua na formação do repertório infantil. Nilce diz que “a criança tem a comunicação estimulada e conquista um vocabulário emocional mais apurado, consegue dizer o que sente, diferentemente daquela que não ouve um afago oral e fica mais travada”.
Mas, para que surta efeito, é necessário que o carinho seja constante. “A chamada ‘afetividade flutuante’ torna a criança insegura e dependente. Nesses casos, como não é sempre que os pais se mostram carinhosos, o filho ficará grudado neles o tempo todo, por achar que, se descuidar, perderá o momento de carinho. Não tem como adquirir autoconfiança dessa maneira”, destaca a Gestalt-terapeuta.
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Se o carinho é simplesmente inexistente, o problema é maior ainda. “As consequências de uma infância sem afeto e sem amor de adultos vão da ansiedade à violência na adolescência”, esclarece a psicóloga Camila. “Em alguns adolescentes, a insegurança gerada ao longo dos primeiros anos de vida sem carinho se manifesta pela depressão, pela falta de apetite e pelo fraco desempenho escolar. Em outros, vem à tona por meio de uma agressividade com tendências violentas”. Nilce complementa: “Podem se tornar jovens que batem, partem para a agressão física”.
Miche, o marido, Emerson, e as filhas: 'Elas são seguras, sabem expressar seus sentimentos, deixar claro do que gostam e do que não gostam'
Carinho x mimo
A pegadinha nessa história é saber separar o carinho do mimo. “O carinho pode ser ilimitado, desde que venha acompanhado pela estipulação de limites. Aquilo que ultrapassa a verdade e o bom senso é mimo; se a preocupação com o bem-estar é menor do que a vontade de agradar à criança, isso é mimo”, afirma Nilce.
Ela prossegue: “Muitos adultos não querem falar ‘não’ para os pedidos das crianças, pois creem que estariam sendo severos e pouco afetuosos. Mas, se bem explicado, o ‘não’ do limite é uma forma de carinho, pois mostra que os pais se preocupam com o filho. Quando ele ouve que não pode brincar com determinado brinquedo porque corre o risco de se machucar, recebe como uma mensagem de amor, mesmo que chore e esperneie na hora”.
As crianças, é claro, tentarão forçar e flexibilizar esses limites – faz parte do processo de amadurecimento delas. Ao perceber isso, cabe aos pais impedirem que a situação vá adiante, rumo ao mimo. “É uma questão que varia de família para família. Os adultos conhecem seus filhos e sabem, pelas reações deles, quando é hora de colocar um ‘não’ na história”, diz Camila.
A publicitária Miche Kretschmer confirma que é assim mesmo. “Hoje em dia, já percebo pelo olhar das meninas o momento de endurecer um pouco. Faço isso de forma consciente, porque elas precisam entender que para tudo há limite. Não é fácil, mas tem que ser feito. E continuamos nos amando muito”, finaliza.
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