terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

CARNAVAL 2017









Dom Helder Câmara

Dom Helder Câmara, durante sua crônica radiofônica chamada “um olhar sobre a cidade” da Rádio Olinda AM em 1 de fevereiro de 1975, fazia uma célebre orientação para que o povo católico brincasse o carnaval. 
Dizia ele: “Carnaval é a alegria popular. Direi mesmo, uma das raras alegrias que ainda sobram para a minha gente querida. Peca-se muito no carnaval?

 Não sei o que pesa mais diante de Deus: se excessos, aqui e ali, cometidos por foliões, ou farisaísmo e falta de caridade por parte de quem se julga melhor e mais santo por não brincar o carnaval.

 Brinque, meu povo querido! Minha gente queridíssima. É verdade que na quarta-feira a luta recomeça, mas ao menos se pôs um pouco de sonho na realidade dura da vida!”
Dom Helder nunca abriu mão da responsabilidade social que trazia consigo como Bispo e cidadão.

 Mas ele sabia que nos quatro dias da festa do povo, o sofrimento era esquecido, a angústia superada, o medo enfrentado e a paz de espírito alcançada.
FONTE :JORNAL DO BRASIL

carnaval



O carnaval, ah o CARNAVAL. Para muitos uma festa popular brasileira.
A maior festa popular brasileira.
Para outros a oportunidade de um dia de contos fadas, dia de colocar suas emoções guardadas durante um ano todo na avenida, dias em que a alma dança, o coração se enche de euforia e que as lágrimas podem brotar livremente sem que se precise segurá-las na garganta e no apertar dos olhos.
O que está por trás de tanta emoção na avenida?
Para quem simplesmente assiste um desfile de carnaval, parece ser apenas muito trabalho braçal de confecção de fantasias, carros alegóricos, ensaios de batuqueiros e só.
Para quem desfila em sua fantasia de destaque, além da confecção da fantasia parece que falta entender algo quando na concentração do desfile, o coração pulsa e as lágrimas começam a querer brotar ao toque da sirene sinalizando que em minutos a escola estará na avenida.
A energia da massa que forma a escola toma conta do corpo, bombeia as pernas, enche o peito de coragem, determinação e a garra imediatamente toma conta de tudo na ânsia de fazer o melhor desfile.
Entender estas sensações custa tempo e convivência com a comunidade, que forma a massa de uma escola de samba.
Mas o desejo de entender estas sensações vai além de pensar em custos.
O respeito pela escola em si, uma vez que você se dispõe a representá-la na avenida, já existe.
A admiração também, mas o que será que faz a alma desabrochar em lágrimas e se doa as emoções de uma forma tão pura e inteira?
Talvez as pessoas não se dão conta que um desfile de carnaval não tem distinção de classe, cor e religião.
O desfile na avenida é feito de IGUAIS. Mas só na avenida são iguais.
E quando tudo acaba: Os espectadores voltam para suas rotinas de trabalho, seguros dos seus bons salários que os garantirão apreciar o espetáculo do próximo ano.
Parte dos componentes voltarão a pensar em carnaval só nos 2 meses que antecedem a festa do próximo ano, outra parte dos componentes da escola volta para seus trabalhos dignos que de sol a sol lutam para ter dias de alegrias no próximo carnaval.
Alguns passarão o ano todo voltando a escola regularmente em busca dos preparativos para sonharem com o próximo desfile, como forma de distração e alento da vida dura que vivem.
Alguns já começam a trabalhar para o próximo carnaval, pesquisando enredo, criando fantasias e ensaiando os versos que caberão no samba enredo.
Viver de carnaval?
Não exatamente, apenas encontrar na arte popular uma maneira de expor amor, dedicando-se à comunidade com alento de realização dos sonhos.
Convivendo e se dedicando às pessoas que encontram na escola o colo para suas dificuldades, seus sofrimentos…
Proporcionando estrutura emocional para que a massa viva com um mínimo de esperança e que saibam que por mais difícil que a vida se torne ao longo do ano, existe uma grande família que não desampara.
Isso é viver em comunidade.
Mas claro que toda comunidade tem seus líderes natos, aqueles que não precisam ser nomeados.
Que se dispõe a enfrentar tudo e todos em função da realização dos sonhos de uma maioria.
Estes líderes são guerreiros, acolhedores e idolatrados, mesmo sem serem nomeados líderes.
São estes líderes que conhecem a vida de cada um da comunidade e sem distinção trata todos, todos os tipos de componentes da escola, com amor, paciência e acolhimento e dedicação.
Ao se vivenciar tudo isso eis a resposta de onde vem tanta emoção e tanta energia ao se pisar na avenida.
(“Autor espectador”)
(Pensador)

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