As mudanças são parte natural da vida
A vida é uma constante mudança, nem os dias são iguais; envelhecemos a cada segundo, mudamos de humor diante das situações; até as estações mudam! Tudo fica mais fácil, quando tomamos consciência de que mudanças fazem parte da vida, elas são o instrumento para crescermos, amadurecermos e darmos frutos.
No entanto, existem graus de mudanças: o primeiro grau de mudanças se refere àquelas situações corriqueiras que nos fazem ter de mudar a rotina diária, por exemplo, quando acordamos atrasados e temos de sair correndo sem comer nada ou sem tomar banho, porque atrasaríamos em nossos compromissos; o segundo encaixa-se nos acontecimentos que afetam uma escala a mais da nossa vida, como uma gripe forte que nos deixa de cama e impedido de sair; o terceiro e último grau remete-se aos fatos bruscos que alteram a nossa vida, como a morte de um membro da própria família.
Mudanças criam novas percepções de enxergar a vida
Perceba que nos três graus existem situações que alteram a nossa vida e, consequentemente, nossa família. Situações que podem gerar grandes problemas, dependendo da maneira como são encaradas. Acordar atrasado pode nos deixar mal-humorados o resto do dia ou nos fazer rir da própria situação; uma gripe forte pode gerar sentimentos de solidão a ponto de achar que ninguém se importa com você ou aproveitar os “dias de molho” recuperando a saúde e “descansando”; por fim, a morte de um familiar pode acabar com a estrutura familiar ou ser o ponto de união de todos.
Busque conhecer seus pontos fortes e fracos, ou seja, o que te faz perder a linha e quais as qualidades cooperam para trazer a paz familiar. Conhecer nossos próprios limites nos ajudará naquele momento em que o “carro” mudar de direção e for em direção contrária a qual desejávamos. Nos adaptarmos às mudanças é essencial e, adaptar no sentido de encontrar o lugar correto de cada “peça”, porque elas mudam de posição, mas não significa que não tenha mais lugar para elas. É preciso encontrar novamente o lugar de cada uma delas e seguir em frente.
Dê prioridade ao que é mais importante!
Em qualquer grau de mudança procuremos analisar o acontecimento e darmos atenção à coisa mais importante a se fazer naquela hora, dia ou momento. Deixemos de lado o egoísmo, nossas vaidades e vontades “infantis” e demos um salto de amor em direção ao bem do nosso filho, pai, mãe, irmão ou de quem convive conosco. Quando tratamos de família, não temos como ficar parados em nossos próprios prazeres, temos de nos autossuperarmos para nos tornarmos a cada dia melhores.
Tornarmo-nos um autêntico cristão é o passo concreto para alcançarmos o sucesso familiar e de qualquer outra área da vida; sermos cristãos é sermos capazes de amar como Jesus amou. Então, se alcançarmos esse nível de vida, não importará se nossa família decidiu mudar de país, se tivermos de deixar tudo por causa da situação financeira; se enfrentarmos a dor da doença ou, até mesmo, se alguém que amamos partir, pois, se tivermos a certeza de que Deus é o centro da nossa casa, teremos a consciência de que mudanças são como novas estações que chegam e, com elas, chegam também novos ciclos e novos frutos.
A família é a base de tudo
O Dia Internacional da Família, 15 de maio, é uma boa oportunidade para lembrarmos da importância fundamental da família para a vida de cada pessoa e da sociedade. A família é sagrada, porque foi criada por Deus para ser a base de toda a sociedade. Ninguém jamais destruirá sua força, por ser ela uma instituição divina.
O Concílio Vaticano II chamou a família de “Igreja doméstica” (LG, 11), onde Deus reside e é reconhecido, amado, adorado e servido; e ensinou que “a salvação da pessoa e da sociedade humana estão intimamente ligadas à condição feliz da comunidade conjugal e familiar” (GS,47).
São João Paulo II chamou a família de “Santuário da vida” (Carta às Famílias,11) e “patrimônio da humanidade” (LG,11). Ele disse: “A família é uma comunidade insubstituível por qualquer outra”. Jesus habita com a família cristã, nascida no Sacramento do Matrimônio; Sua presença, nas Bodas de Caná da Galileia, significa que o Senhor quer estar no meio da família, ajudando-a a vencer todos os seus desafios.
Imagem e semelhança
Desde que Deus desejou criar o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança (Gen 1,26), Ele os quis em família. Tal qual o próprio Deus, que é uma família em três Pessoas Divinas, assim também, o homem, criado à imagem do seu Criador, deveria viver em uma família, em uma comunidade de amor, já que ‘Deus é amor’ (1 Jo 4,8) e o homem lhe é semelhante.
A família é o eixo da humanidade, a sua célula mater, é a sua pedra angular. O futuro da sociedade e da Igreja passam inexoravelmente por ela. É ali que os filhos e os pais devem ser felizes. Quem não experimentou o amor no seio do lar terá dificuldade para conhecê-lo fora dele.
A família é a comunidade, na qual, desde a infância, os filhos podem assimilar os valores morais, em que pode começar a honrar a Deus e usar corretamente da liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade (cf. CIC 2207). Depois de ter criado a mulher da costela do homem (Gen 1, 21), Deus a levou para ele. Este, ao vê-la, suspirou de alegria: “Eis agora aqui, disse o homem, o osso dos meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher” (Gen 1,23). Após essa declaração de amor tão profunda – a primeira na história da humanidade – Deus, então, mostra-lhes toda a profundidade da vida conjugal: “Por isso, o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne” (Gen 1,24).
A família é sagrada
Deus lhes disse: “Crescei e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a” (Gen 1,28). Por isso, a única e verdadeira família, segundo a vontade de Deus, é aquela fruto da união matrimonial de um homem com uma mulher. Não existe outro tipo de família no plano de Deus.
Este é o desígnio de Deus para o homem e para a mulher, juntos, em família: crescer, multiplicar, encher a terra, submetê-la. E, para isso, Deus deu ao homem a inteligência para projetar e as mãos para construir o seu projeto. O Senhor vive no lar nascido de um matrimônio. Nessas palavras de Deus – “crescei e multiplicai-vos” – encerra-se todo o sentido da vida conjugal e familiar. Dessa forma, Deus constituiu a família humana a partir do casal, para durar para sempre, por isso, A FAMÍLIA É SAGRADA!
Vemos aí, também, a dignidade baseada no amor mútuo, que leva o homem e a mulher a deixarem a própria casa paterna, para se dedicarem um ao outro totalmente. Esse amor é tão profundo, que dos dois faz-se uma só carne, para que possam juntos realizar um grande projeto comum: a família.
União
Daí, podemos ver que sem o matrimônio, forte e santo, indissolúvel e fiel, não é possível termos uma família forte e santa, segundo o desejo do coração de Deus. Tudo isso mostra como o Senhor está implicado nesta união absoluta do homem com a mulher, de onde surgirá, então, a família. Por isso, não há poder humano que possa eliminar a presença de Deus no matrimônio e na família. Deus vive no lar nascido de um matrimônio, e a Virgem Maria também.
Isso nos faz entender que, a celebração do sacramento do matrimônio, é a garantia da presença de Jesus no lar ali nascente. Como é doloroso perceber, hoje, que muitos jovens, nascidos em famílias católicas, já não valorizam mais esse sacramento e acham, por ignorância religiosa, que já não é importante subir ao altar para começar uma família!
Toda essa reflexão nos leva a concluir que, cada homem e cada mulher, que deixam o pai e a mãe, para se unirem em matrimônio e constituir uma nova família, não o podem fazer levianamente, mas devem o fazer somente por um autêntico amor, que não é uma entrega passageira, mas uma doaçãodefinitiva, absoluta, total, até a morte.
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Marcada pelo sinete divino, a família, em todos os povos, atravessou todos os tempos e chegou inteira até nós, no século XXI. Só uma instituição de Deus tem essa força. Cristo entrou na nossa história pela família; fez o primeiro milagre numa festa de casamento e viveu 30 anos numa família. O Concilio Vaticano II disse: “Se é certo que Cristo ‘revela plenamente o homem a si mesmo’, faz através da família onde escolheu nascer e crescer” (GS,2). “Desta maneira, a família constitui o fundamento da sociedade” (GS,52). “A salvação da pessoa e da sociedade humana está intimamente ligada à condição feliz da comunidade conjugal e familiar” (GS,47).
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Papa João Paulo II
O Papa São João Paulo II dizia: “A família é o âmbito privilegiado para fazer crescer todas as potencialidades pessoais e sociais que o homem leva inscritas no seu ser”.
São João Paulo II disse: “Em torno da família se trava hoje o combate fundamental da dignidade do homem” (FC,18). Há uma ameaça tremenda contra a família: aborto, ideologia de gênero, divórcios,casamentos de pessoas do mesmo sexo, drogas, adultérios, inseminação artificial, e toda uma campanha internacional contra a família, o casamento e a maternidade.
Quando a família é destruída, os filhos sofrem, e muitos deles se encaminham para a criminalidade. Por isso, se a família – segundo a vontade de Deus – for destruída, então, a sociedade sofrerá suas consequências. Todos os cristãos são obrigados a lutar pela preservação da família segundo o coração de Deus.
Família, lugar de amor rico em perdão
Não existe família perfeita. Não temos pais perfeitos, não somos perfeitos, não nos casamos com uma pessoa perfeita nem temos filhos perfeitos. Temos queixas uns dos outros.
Decepcionamos uns aos outros. Por isso, não há casamento saudável sem o exercício do perdão. O perdão é vital para nossa saúde emocional e sobrevivência espiritual.
Sem perdão a família se torna uma arena de conflitos e um reduto de mágoas. Sem perdão a família adoece.
O perdão é a assepsia da alma, a faxina da mente e a alforria do coração. Quem não perdoa não tem paz na alma nem comunhão com Deus.
A mágoa é um veneno que intoxica e mata. Guardar mágoa no coração é um gesto autodestrutivo. É autofagia. Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente. É por isso que a família precisa ser lugar de vida e não de morte; território de cura e não de culpa.
O perdão traz alegria onde a mágoa produziu tristeza; cura, onde a mágoa causou doença. Esta é a grande missão da família: arranjar lugar para Jesus que vem, receber Jesus na família, na pessoa dos filhos, do marido, da esposa, dos avós, porque Jesus está aí.
Três palavras que devem existir sempre em casa: com licença, obrigado, desculpa.
Com licença: para não se intrometer na vida dos cônjuges. Com licença, como te parece isto? Com licença, permite-me. Obrigado: agradecer ao cônjuge; obrigado por aquilo que fizeste por mim, obrigado por isto. A beleza da gratidão! E dado que todos nós erramos, há outra palavra um pouco difícil de pronunciar, mas necessária: desculpa. Aquilo que mais pesa na vida é a falta de amor.
Pesa não receber um sorriso, não ser benquisto. Pesam certos silêncios, às vezes, mesmo em família, entre marido e esposa, entre pais e filhos, entre irmãos.
Sem amor, a fadiga torna-se mais pesada, intolerável. Sim, ser mãe não significa só trazer um filho ao mundo, mas é também uma opção de vida: o que é que uma mãe escolhe? Qual é a opção de vida de uma mãe? A opção de vida de uma mãe é a opção de dar vida. E isto é grande, isto é belo.
O pai procura ensinar ao filho aquilo que ele ainda não sabe, corrigir os erros que ainda não vê, orientar o seu coração, protegê-lo no desânimo e na dificuldade. Tudo isso com proximidade, com doçura e com uma firmeza que não humilhe.”
A família atravessa uma crise cultural profunda, como todas as comunidades e vínculos sociais. No caso da família, a fragilidade dos vínculos reveste-se de especial gravidade, porque se trata da célula básica da sociedade. O verdadeiro vínculo é sempre com o Senhor. Todas as famílias têm necessidade de Deus: todas, todas! Necessidade da sua ajuda, da sua força, da sua bênção, da sua misericórdia, do seu perdão. E requer-se simplicidade. Para rezar em família requer-se simplicidade! Quando a família reza unida o vínculo torna-se mais forte”(Mensagens do papa Francisco dirigido às famílias).