A boa notícia é que
a tosse, considerada um mecanismo de proteção do organismo, costuma ser benigna
na maior parte das vezes. Saiba quais são os tipos existentes e como
contorná-los.
Por
que ocorre a tosse?
É
um mecanismo de defesa. Promovida pelo sistema respiratório, ajuda a eliminar
secreções ou corpos estranhos presentes no organismo.
Quando a criança aspira poeira, por
exemplo, a mucosa das vias aéreas produz um bom volume de secreção para
expulsar tais agressores, expelidos pela tosse.
Quais
são seus principais gatilhos?
As
infecções respiratórias virais, a exemplo dos resfriados comuns,
são as causas mais frequentes (prepare-se, pois é normal as crianças terem de
seis a nove episódios por ano). Em segundo lugar, estão as alergias
respiratórias, como rinite alérgica e asma. Menos comuns, mas não pouco
importantes, as gripes, a pneumonia, a bronquiolite – infecção viral nos
bronquíolos –, a coqueluche e a sinusite figuram na terceira posição dos
gatilhos mais frequentes.
Qual é a
causa mais comum em cada fase?
Os resfriados aparecem com mais
intensidade no primeiro ano de vida, bem como a bronquiolite, pois, nesse
período, os bebês ainda não têm o sistema imunológico totalmente desenvolvido.
Já as alergias respiratórias costumam aparecer a partir dos 12 meses – os
sintomas dificilmente se manifestam antes disso. A sinusite, por sua vez, tende
a incomodar meninos e meninas com mais de 6 anos.
Problemas mais graves, como
as infecções bacterianas (a exemplo da tuberculose e da coqueluche), podem
surgir a qualquer momento. Para preveni-las, é essencial vacinar as crianças,
já que se trata de doenças altamente contagiosas.
De acordo com o calendário do
Ministério da Saúde, bebês de 2 meses devem tomar a primeira dose da vacina
pentavalente (DTP) – contra difteria, coqueluche, tétano, haemophilus
influenzae do tipo B e hepatite B.
A segunda dose é aplicada aos 4 meses e a
terceira, aos 6 (os reforços começam a ser administrados a partir dos 15
meses).
Conhecida popularmente como “vacina da marquinha”, a proteção contra a
tuberculose é chamada de BCG e geralmente é dada ainda na maternidade em dose
única.
Quando os
pais devem se preocupar e levar o filho ao médico?
Episódios curtos e isolados não
exigem assistência médica. Quando a tosse vier acompanhada de outros sintomas,
como febre alta, vômito, falta de ar, mal-estar, chiado no peito e falta de
apetite, é essencial levar a criança ao pediatra para uma investigação.
Essas
manifestações podem significar que o quadro infeccioso evoluiu para as vias
aéreas inferiores, que são os pulmões e os brônquios.
A duração
também pode indicar o tipo de problema?
Sim. Até 14 dias, a tosse é
considerada comum, principalmente se for sintoma de um resfriado. Depois desse
período, é preciso investigar a causa do problema com cautela, uma vez que pode
indicar algo mais grave (como asma, sinusite ou coqueluche).
O que o
pediatra considera para determinar a causa e o tratamento?
É importante avaliar o som emitido
durante os acessos. A tosse seca, por exemplo, é caracterizada pela ausência de
catarro e indica quadros alérgicos.
Quando há muco, decorrente de gripes,
resfriados e sinusites, é conhecida como tosse produtiva.
Nesse caso, a
secreção existente se movimenta e é eliminada pelo organismo. Daí a importância
de não bloquear a tosse, responsável pela expulsão do catarro.
Há medidas
coadjuvantes que aliviem o sintoma?
Dá para atenuar o incômodo com
algumas ações simples e caseiras.
A hidratação é uma boa saída, pois umedece o
muco (que é expulso do organismo com mais facilidade). Ofereça água, sopas,
chás variados e sucos à criança. Dar uma colher de mel antes de dormir também é
uma boa pedida. O ingrediente tem ação antimicrobiana, que garante proteção a
algumas doenças.
Mas os pequenos só devem consumir o alimento depois de 1 ano
de idade. O motivo? Em casos raros, o mel pode provocar uma intoxicação
alimentar grave, conhecida como botulismo.
Quais são
as classes de medicamentos prescritas em cada caso?
Por ser um processo natural de
defesa, muitos especialistas não recomendam medicações específicas para aliviar
a tosse. — mas, sim, remédios que combatem a doença por trás do sintoma.
Corticoides ou antialérgicos, por exemplo, geralmente são recomendados para
crianças asmáticas.
No caso de resfriado, o ideal é usar um descongestionante
nasal. Mas, se o problema for provocado por bactéria, pode ser necessário tomar
antibiótico.
A tosse, em si, só deve ser combatida quando for muito forte, a
ponto de irritar a garganta. Nesses casos, alguns pediatras podem receitar
xaropes mucolíticos, que dissolvem o catarro e facilitam a expectoração.
Em
todas as situações, é fundamental seguir as doses recomendadas na receita
médica. Evite usar colheres para fazer a dosagem. Prefira sempre o medidor que
vem junto com a embalagem.
A inalação
também ajuda?
Sim! Fazer o procedimento, pelo menos
uma vez por dia, com soro fisiológico ajuda a eliminar o catarro. A vaporização
promove um efeito semelhante, com a vantagem de ser mais fácil de fazer.
Funciona assim: no banho, feche as saídas de ar e deixe o vapor do chuveiro
agir. Depois, é só se sentar em um banco, com seu filho no colo, para que ele
respire normalmente, umidificando as vias aéreas. Outra vantagem desse método é
que as crianças tendem a apresentar pouca resistência, diferentemente da
inalação convencional. Colocar toalhas molhadas no quarto do seu filho é uma
boa dica para tornar o ambiente mais úmido. Para essa finalidade, evite usar
baldes e bacias, pois eles representam risco de afogamento, principalmente se
houver bebês por perto. Outro cuidado fundamental é manter o ambiente sempre
limpo, livre da poluição e de fumaça de cigarro. Por fim, abrir a janela para
arejar a casa é mais uma precaução importante, mesmo nos dias mais frios.
Dicas úteis
- Não tenha medo de ser criativo. Acrescente mel, gengibre, suco de limão ou laranja e teste suas próprias alternativas sempre que quiser;
- Lembre-se que todas as receitas caseiras naturais têm prazo de validade curtos por serem livres de químicos e de conservantes. Evite deixar passar de 3 dias, e em hipótese alguma consuma após 1 semana do preparo;
- Tenha paciência. Remédios caseiros não têm efeitos imediatos e, geralmente, podem levar até 1 semana para mostrarem efeitos;
- Para uso infantil, deve-se procurar saber se a criança pode consumir os ingredientes da fórmula.
As dicas deste artigo não substituem a consulta ao médico. Lembre-se que cada organismo é único e pode reagir de forma diferente ao mencionado. E para obter os resultados mencionados também é preciso aliar a uma vida e alimentação saudável e equilibrada.
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