Você gosta de levar vantagem em tudo?
A questão
ética e moral permanece em evidência em nosso País. Basta acompanhar os
noticiários diários pra perceber. Os casos de corrupção investigados são um
exemplo.
A falta de ética, no entanto, não atinge só os detentores do Poder,
mas toda a sociedade, que parece ter mudado seus valores com o passar dos anos.
Foi-se o tempo em que a palavra dada representava uma garantia.
Atualmente as
pessoas cometem pequenos delitos sem se preocupar com as consequências, muitas
vezes com a certeza de que sairão impunes.
As crianças crescem tendo como
exemplo uma quase total inversão de valores. Honestidade deixou de ser regra e
passou a exceção.
Já nos anos
70, a Lei de Gérson pregava que o importante é "levar vantagem em
tudo". Quem pensa diferente é visto como tolo, ingênuo.
A cultura da
esperteza sempre foi aceita. Parece inútil qualquer tentativa para modificar
essa situação. Mas a mudança depende de nós. De nada adianta cobrar
comportamentos exemplares dos políticos, se por vezes também agimos de maneira
errada.
Na década de
70, o jogador Gérson, tricampeão com a Seleção Brasileira de Futebol,
protagonizou uma campanha publicitária de uma marca popular de cigarros,
tentando convencer o consumidor de que ela era a mais vantajosa por ser boa e
barata.
O produto era, portanto, indicado para quem "gosta de levar
vantagem em tudo". O slogan da campanha fez sucesso e surgiu, a partir
daí, a Lei de Gérson, para desconsolo do craque, que viu seu nome associado à
malandragem.
E mesmo após tantos anos, a "lei" sobrevive e pode
explicar a "cultura da esperteza" do brasileiro.
O
"jeitinho brasileiro" é motivo de orgulho para alguns. A toda hora há
alguém tentando levar vantagem, seja sonegando impostos, pagando propina para
livrar-se da burocracia, fazendo ligações clandestinas de TV a cabo, água ou
luz, adulterando e falsificando documentos, ou ainda comprando produtos
piratas, estacionando em fila dupla e furando fila.
Quem não aproveita essas
"facilidades" é chamado de ingênuo.
Até ter o
nome "sujo na praça" para alguns deixou de ser motivo de
constrangimento.
O consumidor é seduzido pelo aumento da oferta de crédito, mas
esquece que seu rendimento não cresce na mesma proporção e acaba na
inadimplência.
Para conseguir quitar suas dívidas, contrai novo crédito e suas
finanças viram uma bola de neve. O fim do devedor acaba sendo o Serviço de
Proteção ao Crédito e ele se acostuma com isso.
O
comportamento moral da geração atuante hoje no País parece muito diferente se
comparado ao das anteriores.
o advogado
Aleksandro Clemente (membro da Comissão de Defesa da República e da Democracia
da OAB/SP e do Idecrim, Instituto de Defesas Criminais) fala sobre este
assunto. Ele diz acreditar que isso ocorre porque a
geração atual não tem ideais: "Hoje se valoriza mais o "ter" do que o "ser".
Por isso os valores dessa geração são apenas o dinheiro,
o carro, a beleza, o físico perfeito, e não a solidariedade,
a amizade, o respeito, o cumprimento da palavra dada, a religião, a família...".
Uma frase
dita por ele à época me marcou. Para o advogado, os atos de corrupção no
cenário político brasileiro contradizem a regra ‘a ocasião faz o ladrão’.
“A
ocasião não faz, ela ‘mostra’ o ladrão”, disse Clemente, lembrando que uma
pessoa honesta não se torna desonesta só porque lhe apareceu a oportunidade.
Apesar do
quadro desestimulante, é possível reverter toda esta situação. Depende, porém,
de gestos e atitudes de cada um de nós, em nossas casas, no trabalho e,
principalmente, em nossa vida na comunidade.
É necessário que cada um faça a
sua parte, tendo claro que nem tudo que é ‘legal’ é ‘moral ou justo’. Pense
nisso.
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