"Valorizar o simples, o cotidiano, a luz que invade a sua mesa na primeira hora do dia, as plantas que brotam inesperadamente. Uma flor que abre a cada brotação de uma plantinha. Enxergar os detalhes que cercam o seu lar pode ser a fórmula para ser feliz agora
Texto Carolina Nogueira
1. O dom da luz - A janela é um espaço privilegiado da casa.
Ela
emoldura a paisagem e funciona como uma ponte entre o que está dentro e o que
está fora.
Ela
nos convida a sair e traz para a casa um pedaço do resto do mundo.
Quando
pensar em cortinas, não queira isolamento.
Modelos
pesados – como os de veludo vermelho do teatro – só são bem-vindos como um
jeito inteligente de dividir ambientes, no interior da casa.
Nas
janelas, cortinas são cúmplices da luz, não seus algozes.
Devem
ser de fibra natural, para balançarem ao vento, como o vestido de uma criança
correndo pelo corredor, depois de um banho fresco no meio de uma tarde de
verão.
A
luz não é um detalhe: ela é a vida por completo.
Deixe
o sol da manhã acordá-lo, tocando de leve a sua pele. Sinta no seu corpo a
alegria de estar vivo.
2. O cuidado dos outros -Talvez você já tenha presenciado a cena de um reencontro de pessoas queridas em um aeroporto e, mesmo sem conhecer os envolvidos, tomado aquela alegria como sua. A explicação para esse sentimento: você faz parte da grande família dos homens. Cada vez que um idoso segurar um bebê no colo ou você tocar a barriga de uma mulher grávida, ou que a mão calejada de um homem segurar delicadamente a de um menino, você vai fixar essa cena em sua mente. Pense na sua família, nos seus amigos, na necessidade que cada ser carrega de trocar experiências e de entrar em contato. Não negligencie a conexão íntima, rústica, que não passa pela palavra. Valorize a simplicidade da amizade entre todos os espíritos – até mesmo com seu cachorro, com um gatinho de rua. Apaixone-se pelo ciclo da vida e compartilhe com o outro a essência desse modo de viver.
3. A beleza do inacabado - Há milênios, os japoneses cultivam uma estética baseada na aceitação da transcendência e do eternamente inacabado. Concebida como a beleza do imperfeito, do impermanente e do incompleto, a filosofia wabi-sabi se expressa no ritual do chá, nos arranjos de ikebana, no exercício interminável de manter um jardim feito de pedrinhas e areia, na qual você desenha e redesenha com a ajuda de um ancinho. Mais do que o resultado final, é o ritual que importa. Amar o inacabado é aceitar que viver não se trata de atingir um objetivo – que, no fundo, a gente nunca chega lá. O que importa é o caminho. Celebre o assimétrico, o instável. Ninguém precisa recuperar o jardim zen que teve um dia para entrar em contato com essa filosofia. O desafio é construir seu jardim zen interno, espiritual. Encontrar o seu ritual eternamente inacabado, que não tenha nenhum objetivo maior a não ser fazer você feliz.
4. A ordem das coisas - Você já percebeu como nossas casas estão cada vez menores? Mas pense bem: por que isso é ruim? Em menos cômodos há mais convivência. Estamos mais perto de quem amamos. Não é uma questão de espaço, mas
de organização. Em uma casa menor, só cabe o que
importa – então livre-se de tudo o que entulha a vida. Delete o
supérfluo.
Arquive as memórias.
Seus móveis precisam servir para alguma
coisa: tenha estantes, use gavetas, crie caixas.
Ouse reciclar, acolha os materiais baratos –
pense em papel kraft, em caixas de feira, em nichos de madeira.
Nutra o hábito de classificar o
essencial.
Faça da organização um ritual de purificação – não
uma penitência. Resuma.
E, sobretudo, permita o vazio e o celebre. Ele é um
convite à criação.
5. As habilidades das mãos - Disponha um arsenal sobre a mesa: lápis, lã e agulha de tricô, uma xícara de farinha, um pedaço de tecido. Agora desafie suas mãos a escolher suas armas. Ao ataque: crie. Usar as habilidades das mãos dá sentido à vida. “Muitas vezes ouvi, e tenho certeza de que você também, pessoas dizerem “no dia em que eu tiver meu ateliê, vou pintar quadros”, ou então “vou fazer esculturas...”, diz Li. “Todos nós sabemos que não precisamos de nada disso. Simplesmente vá lá e faça.” Grandes criadores contemporâneos, como o arquiteto italiano Andrea Branzi, concebem móveis nos quais acoplam criações: gravuras, pinturas, esculturas que já vêm como parte de uma estante. Mas logo ao lado há um nicho, um espaço vazio, convidando a ser ocupado por você. Para que comprar, se você pode criar?
6. A cura pelas plantas - Aprenda com as plantas a viver o momento presente. Amanhã a flor pode já ter murchado. Amanhã pode ser que não chova – ou que falte o sol.
Aprenda
com as plantas a não economizar experimentações. Viva o hoje intensamente.
Aprenda a aceitar o eterno ciclo da mudança de estações como uma bênção. Receba
cada fase como um novo começo – e não como um novo fim.
Tenha
em mente que é sempre possível replantar, mudar de terra. Celebre, numa simples
mudança de jardineira, a promessa da terra nova.
Os
budistas dizem que, se pudéssemos perceber claramente o milagre que representa
uma simples flor, nossa vida mudaria por completo. Contemple a vida em suas
infinitas escalas – da planta inteira, raiz, caule e folhas, ao microcosmo de
cada nervura de folha. Cerque-se de plantas, aprenda com elas. Acredite numa
vida mais saudável e mais perto do natural, em que as plantas sejam acolhidas
numa casa como seres e não como objetos.
7. O sentimento de
liberdade
Vivemos
uma era nômade, sonhamos com evasão.
Queremos
ter raízes – mas precisamos poder nos livrar delas de vez em quando.
A
mobilidade tornou-se uma urgência.
Poder
mudar permanentemente sua casa de lugar tornou- se o idílio do nosso tempo.
“Nas
minhas férias, conheci um jovem que viajava por uma
rota
de praias em seu coupé conversível, luxuoso”, conta Li.
“A
cada dia ele chegava a uma cidade diferente e instalava ao
lado
do carro uma minúscula tenda de camping para uma
única
pessoa, onde passava as noites.
No
contraste de seu belo carro com esse estilo de vida de uma simplicidade
fundamental, extrema, eu vi o sonho contemporâneo de liberdade.”
O
verdadeiro luxo de hoje em dia é poder ser livre. Dormir numa rede.
Não
seguir a moda.
Desenvolver
uma relação mais profunda com os objetos que estão em seu entorno, buscar o
essencial. T
era
uma vida portátil.
8. Assar o pão – Do cheiro de pão no forno emana a promessa de um
belo dia pela frente. Água, farinha, sal e fermento. Nenhum alimento é mais simples.
Nada pode ser mais essencial. Toque o relevo da casca, saboreie o barulho que
ela faz ao ser partida com as mãos. Experimente a textura do miolo que se
desfaz lentamente enquanto uma fumaça suave e quase transparente convida: me
saboreie. Ame o cotidiano com o mesmo amor incansável com que todas as manhãs
celebramos a nossa paixão pelo pão. Cultive pela vida esta mesma instigante e
insaciável fome.
9. A alegria do lar - No
fundo, a ideia é esta: a sensação que você tem quando volta de uma longa e
cansativa viagem. Você deita na sua cama, encosta a cabeça no travesseiro,
coloca sua música preferida para tocar, fecha os olhos e constata: “enfim, em
casa”. Ao seu redor estão seus livros favoritos. Seus quadros favoritos. Suas
comidas favoritas. Suas pessoas favoritas. Você vai andar de pijama. Vai beber
leite. Vai cozinhar. Vai dormir debaixo de camadas e mais camadas do lençol
mais macio que tiver. E vai almoçar no chão da sala – se decidir assim. Pense
nos seus sonhos de criança, quando tudo o que você queria era morar numa cabana
na árvore. O que você levaria para lá? Seu brinquedo preferido, sua comida
preferida, seu amigo preferido – e não muito além. É disso que se trata ter uma
casa, um refúgio no qual você se reconheça em todos os objetos e móveis.
10. Patchwork de
culturas
Um quimono e um turbante árabe. Uma louça chinesa sobre uma tapeçaria
mexicana.
O cocar de um índio brasileiro enfeitando uma máscara africana.
Artefatos de todos os povos, de todas as épocas, contam as mesmas
histórias de valentia, de valores, de respeito.
Conectar culturas é celebrar o que existe de comum em toda a
humanidade.
Antes de os europeus chegarem às Américas, povos indígenas de norte a
sul do continente desenvolveram o ikat, uma técnica de tecelagem feita a partir
de fios retorcidos.
Nunca foi possível identificar onde a tradição começou. Estampas
semelhantes e técnicas idênticas surgiram em diferentes pontos do continente
americano ao mesmo tempo.
“O ikat é a metáfora perfeita das conexões que existem entre as
culturas”, ensina Li. “A força espiritual que conecta as diferentes tradições.
Um jeito nômade de descobrir conexões e celebrar as ligações
invisíveis dos povos.”
"Separe um punhado de canela em pau e cravos da índia (cerca de 20 g de cada é suficiente).
Ferva um copo de água, 300 ml, e acrescente os cravos e a canela.
Deixe descansar por alguns minutos.
Depois de frio, coloque em um borrifador para facilitar a aplicação.
Aplique
na entrada da casa e nos quatro cantos de cada cômodo.
“Esta receita pode ser usada sempre que se sentir cansado, sem energias”, explica , Cris Ventura."
"Valorizar o simples, o cotidiano, a luz que invade a sua mesa na primeira hora do dia, as plantas que brotam inesperadamente. Uma flor que abre a cada brotação de uma plantinha. Enxergar os detalhes que cercam o seu lar pode ser a fórmula para ser feliz agora
Texto Carolina Nogueira............................................................................................................................................................................
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