O Fim Não é o Fim?
Para quem crê, a reencarnação
impulsiona a se tornar um ser humano melhor
Um tema instigante, polêmico,
misterioso, a reencarnação, para quem crê, é o dispositivo filosófico que
impulsiona o homem a se tornar um ser humano melhor, atuando com foco na fraternidade, na justiça social, na solidariedade e no bem comum. "É o que
nos faz ter esperança no futuro. Se a vida não estiver dando certo, temos
chance de recomeçar, isto muda a perspectiva", argumenta o médico e
ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro, que lançou o livro "Perspectivas
Contemporâneas da Reencarnação", em
parceria com o dirigente espírita Ricardo de
Morais Nunes.
Na obra, eles apresentam uma
coletânea dos principais estudos de importantes pensadores espíritas expostos
no XXI Congresso Espírita Pan-Americano, realizado pela Confederação Espírita
Pan-Americana (CEPA), em Santos, em 2012.
Para a doutrina espírita, a
reencarnação é o retorno do espírito à vida material visando à evolução e ao
aperfeiçoamento espiritual. "Somos frutos do patrimônio biológico e
genético, da cultura, da educação, das regras sociais, mas à medida que vamos
evoluindo intelectual e moralmente, aumentam as opções de escolha pelo livre
arbítrio e a responsabilidade na construção do progresso individual e coletivo.
É um pacto de civilidade", diz o médico espírita.
Vidas sucessivas
A reencarnação tem sido abordada
ao longo da história pela religião, pela filosofia e, mais recentemente, pela
pesquisa científica. "A reencarnação filosoficamente é consistente,
cientificamente tem evidências", afirma o autor do livro.
As recordações de vidas
anteriores em crianças são a principal fonte de pesquisa cientifica da
reencarnação, que trabalha com diversas hipóteses que vão sendo descartadas uma
a uma. As recordações espontâneas começariam a aparecer a partir dos 2 anos de
idade. Em casos amplamente estudados, os detalhes que as crianças
recordam sobre suas vidas anteriores coincidem com os registros históricos e há
uma grande coerência entre as lembranças anteriores. Em alguns casos recordaram
até línguas antigas.
Quando se trata de adultos, as
recordações são do mesmo modo evidentes e duradouras, numa espécie de Déjà vu
(experiência de sentir que testemunhou ou já experimentou antes uma situação
nova). Outras linhas de pesquisa foram desenvolvidas nas áreas da psiquiatria e
da psicologia, como regressão de memória. Segundo os estudos, a recordação de
angústias e eventos de vidas anteriores contribuiu decisivamente para tratar e,
muitas vezes, para aliviar problemas e doenças que as pessoas sofreram
anteriormente, como o terror, fobias e dores de longa duração.
Idas e voltas
Para a doutrina espírita,
reencarnar é uma necessidade para que o espírito possa ir se purificando e
contribuindo para o melhoramento progressivo da humanidade. "A maior
experiência evolutiva é vivendo encarnado", enfatiza Chioro. Segundo ele,
não existe uma regra preddeterminada para reencarnações. "Determinados espíritos
rapidamente recobrem a consciência após desencarnar; outros levam muitos anos e
há os que sequer têm dimensão que desencarnavam, nunca recobram a consciência.
Quando a pessoa é muito apegada à matéria, há relatos que passam por um período
de sonolência e progressivamente vai despertando".
De acordo com o espiritismo, a
conexão energética do espírito com o corpo começa no momento da concepção e se
completa no nascimento. Há espíritos evoluídos que reencarnam com a missão de
impulsionar o progresso da humanidade. Eles que atuam com o objetivo de
libertar as consciências e podem surgir em qualquer tempo e em todos os
lugares: Jesus de Nazaré, Buda e Mahatma Gandhi são alguns exemplos citados.
Laços de família
Segundo o espiritismo, a
reencarnação tende a ocorrer num mesmo grupo familiar, porque ali se reúnem
espíritos com afinidades e também os familiares com desavenças fixadas ao longo
de sucessivas existências, que requerem superação. Porém, o espírito pode
encarnar em outra família, em outro país e até em outro mundo habitado.
"Ficarão aqueles que de fato têm afinidade, não necessariamente laços
consanguineos", diz Chioro.
O esquecimento do passado
De acordo com a doutrina
espírita, o esquecimento do que fomos em outras vidas não é absoluto, pois os
seres humanos possuem ideias inatas, instinto e intuição, tendências e
insights, considerados elementos psíquicos somente plenamente explicados pela
existência de suas reencarnações passadas. O esquecimento seria necessário para
nos atermos mais plenamente à vida atual, sem se tornar prisioneiros do
passado, sem apego ou aversão a ele. "Quer saber quem você era em outra
vida? Olha para sua essência", convida Arthur Chioro.
Serviço:O livro 'Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação' está à venda nas livrarias Realejo e Martins Fontes, no Gonzaga, ou pelo site www.copabrasil.org.br