A definição do psicólogo Guy Coreant é bem oportuna: “o pai é o primeiro outro que a criança encontra fora do ventre da mãe”
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Assim que um bebê nasce, os cuidados ficam concentrados na mãe, ela ainda
é vista como a figura central, em torno da qual os filhos gravitam. Ainda hoje,
na maioria das vezes, a estrutura familiar permanece pouco alterada,
concentrando na mãe o dever do “cuidar” e no pai o dever de “ajudar”.
A própria licença paternidade de 5 dias, demonstra que tradicionalmente o
pai é visto como aquele que “ajuda” a mãe e não aquele que também é fundamental
para garantir os cuidados básicos a esse bebê.
No entanto, a participação e o envolvimento do pai no cotidiano dos
filhos em tudo, como alimentação, higiene, lazer e educação, favorece a criação
do vínculo entre o trinômio mãe-bebê-pai para a vida toda e favorece também a chamada PATERNIDADE PARTICIPATIVA.
Uma paternidade mais participativa começa com o envolvimento dos pais no
planejamento dessa gestação, no momento do parto, na participação de todas as decisões, e vivendo toda a riqueza de todos os momentos juntos. Somente dessa forma, o pai exerce o seu
lugar.
Agora, trago 12 reflexões sobre a importância da paternidade
participativa:
1 A
importância de romper com o patriarcado:
O patriarcado é entendido como uma organização social que super. valoriza
a figura do pai, como aquele que possui o poder, é aquele que sustenta, que
provém, que decide. Os conceitos que sustentam o sistema patriarcal criam a
ideia de superioridade e autoritarismo em relação à esposa e aos filhos no
âmbito da família e da sociedade. Quando se perpetuam algumas práticas,
pensamentos e atitudes, se legitima uma noção ultrapassada de superioridade.
Romper essa cultura é uma luta árdua e diária.
2 A
necessidade de lutar contra dados historicamente aceitos e culturalmente
repassados:
“Quase metade dos artigos sobre a psicologia de crianças e adolescentes
publicados entre 1997 e 2005, por exemplo, não fazem qualquer referência ao
pai. Antes de 1970, quando os pais não podiam entrar nem na sala de parto,
menos de 20% das pesquisas a respeito do vínculo parental levavam o pai em
conta”. Esses dados são chocantes e explicam por que a figura do pai é sempre
vista como secundária.
3 A
importância de ponderar sobre a Licença paternidade de 5 dias:
a legislação trabalhista brasileira só reforça a ideia de que a mãe é a
cuidadora e, o pai, o provedor, portanto, a mulher deve permanecer com o bebê
enquanto o homem deve voltar ao trabalho. Essa licença deve ser alterada para
no mínimo 2 meses, colaborando assim para que o pai seja também visto como
figura central.
4 A necessidade
de desenvolver a paternidade ativa:
reflexiva, envolvida e responsável. O pai não ajuda a mãe. Ele é
responsável tanto quanto a mãe.
5 Ponderando o
pensamento: “a maternidade começa quando se está grávida, mas a paternidade só
começa quando o bebe nasce”:
sempre ouvi essa frase e nunca concordei com ela. A paternidade começa
quando o homem deseja ser pai! A paternidade começa quando ele
planeja essa gestação, quando ele sonha com essa criança, e idealiza “como será
quando for pai” e, quando ele vive a riqueza e a beleza de se envolver em todos
os momentos da vida do seu filho.
6 Um
segredo é aproximar o pai dos cuidados desde o nascimento:
toda mãe busca informações sobre os cuidados que devem ter com seus
filhos. O pre-natal de qualidade favorece muito e os cursos para gestantes
oferecidos por hospitais e lojas também ajudam muito a disseminação de
informações e vai ajudando a mãe a se sentir mais segura. Foi assim comigo. Eu
planejei minha filha com meu marido, nós desejamos ser pais. Quando eu estava
grávida, ele me acompanhava em todas as consultas do pre-natal, fizemos curso
de gestantes juntos, lemos muito em diversas fontes: revistas especializadas,
sites, blogs e nos inscrevemos em um site que informava semana a semana como
estava acontecendo a evolução da gestação, enfim, e eu participei de diversos
eventos, como rodas e workshops. Nós amamos viver os 9 meses, enquanto
esperávamos juntos nossa tão sonhada Maria Luísa. Mas nós mães sempre achamos
que sabemos mais e esse é um grande erro. Outro erro é perder a paciência com
nosso marido porque ele faz algumas coisas do jeito dele. O pai realmente faz
DIFERENTE da mãe, mas isso não significa que estão erradas, elas são apenas
formas diferentes de se fazer a mesma coisa e a criança precisa dessa
diversidade, pois futuramente em muitas situações da vida dela, como na escola,
por exemplo, a criança se deparará com essa diversidade e saberá melhor lidar
com essas situações.
7 O
envolvimento paterno no desenvolvimento intelectual, emocional e social das
crianças:
estudos mostram que crianças que se sentem amadas pelos pais, possuem a
autoestima comparativamente mais alta e possuem menores riscos de desenvolver
problemas mentais ao longo da vida. Muitos pesquisadores sugerem que um pai
cuidadoso é tão importante quanto uma mãe amável para o bem-estar da criança no
longo prazo.
8 A importância
da brincadeira com o pai no desenvolvimento cognitivo da criança:
mãe e pai brincam de maneira diferente, pode ver. Mãe é extremamente mais
zelosa, pega com mais delicadeza, as brincadeiras são mais delicadas
mesmo. Veja um pai brincando com seu filho, são brincadeiras mais ativas, de
jogar para cima, de correr, enfim, isso também tem seu valor, entende? São
maneiras diferentes de brincar e consequentemente elas desenvolverão lugares
diferentes do cérebro por ter acesso a desafios diferentes.
9 A criação de
uma conexão duradoura com crianças e adolescentes ajuda a formar adultos
felizes, seguros e equilibrados:
a presença do pai nas diversas fases da criança ajuda a deixa-la mais
segura e confiante. Quando essa criança passa pelo turbilhão emocional e
hormonal que é a adolescência com uma família estruturada, ela se sente mais
confiante para lidar com os desafios que seu cérebro em desenvolvimento está
buscando se adaptar.
10 A
manutenção do diálogo não significa tentar um relacionamento de igualdade:
algumas muitas pessoas ainda são criadas com o pensamento “mando porque
posso, obedeça porque tem juízo”, e isso é puro medo de perder o controle da
situação. Acredito que muito se deve a confusão conceitual entre autoridade e
autoritarismo. Devemos romper com esse paradigma, estimulando um diálogo com
nossos filhos. E o pai não perderá a imagem de autoridade diante do filho, pelo
contrário, estará estimulando uma relação profunda de companheirismo, amizade
sem perder de vista a importância dos limites.
11 A presença
dos pais deixa marcas na personalidade e na formação da identidade:
um pai presente em momentos especiais, simples ou casuais é
determinante para a formação de sua identidade. A verdade é que os dias
passam, as crianças crescem e saber que você deixou nelas marcas para toda a
vida, de lembranças únicas, não tem preço.
12 Os estragos
da alienação parental:
finalizo este post lembrando um assunto espinhoso, mas super necessário
de se refletir. Nem todo relacionamento é um mar de rosas, mas seja por qual
razão você teve um filho, a última pessoa que deve sofrer por uma decisão
errada é seu filho. Privar um filho do amor de um pai é um dos maiores crimes
que podemos fazer contra um ser humano. Portanto, pais não abandonem seus
filhos. Dar comida só não basta. Tem que se envolver, ele é seu, é parte de
você. E mãe, mesmo com toda raiva, com todo ódio desse homem, não misture as
coisas. Não fale mal do pai na frente do filho, (e vice-versa), é uma violência
a chamada alienação parental. Isso deixa a criança confusa, triste e
desequilibrada. Pense no seu filho e nos ganhos de compartilhar essa criação.
Pai, você é
extremamente importante para seu filho.
Não deixe
ninguém te fazer pensar diferente disso. O seu filho precisa de você, precisa
do seu amor, da sua presença, do seu colo.
Pai, seu filho
precisa do seu olhar, do seu toque, da sua presença.
Seu filho
precisa sentar e conversar com você, precisa do seu aconchego, do seu cheiro,
do seu colo.
E você, pai,
precisa pegar seu filho no colo e sentir o olhar mais apaixonado e desprovido
de interesse do mundo!
Você pai, vai
amar viver esse amor. Você terá um amor incondicional. Você ganhou um amigo,
uma amiga, você ganhou um abraço carinhoso, um beijo estalado, você ganhou um
presente de Deus para sempre. Aceita que é só seu.
Todos juntos
por uma paternidade mais consciente. Por um QUERER ser pai. Por um ESCOLHER ser
pai. Todos juntos por um pai mais presente, mais envolvido. Por um pai
inesquecível, e mais amado!
Com
carinho,
Vivi
Andrade.