sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

HISTORIA - A outra face...




- Amanhã ele me paga! Não vai ficar assim! Que idiota eu sou! Por que não bati nele?


         Júnior chegou gritando em casa, furioso. Certo de que a vingança era a melhor solução, começou a planejar o que faria no dia seguinte... Afinal, achava que as coisas não podiam ficar assim...

         Seu pai, que havia percebido o desequilíbrio do garoto, puxou assunto, perguntando o que havia acontecido na escola.

         Junior contou, então, que tinha sido agredido por Daniel, durante um jogo.

         O pai deixou o garoto desabafar, falando sobre humilhação, orgulho ferido e vontade de pagar na mesma moeda.

         - Você já pensou que se der o troco, Daniel pode se sentir injustiçado, e entender que a sua reação foi exagerada, e querer vingança? Violência gera violência, meu filho.

         Sem entender, Júnior perguntou:

         - Como assim? Estou no meu direito de devolver o que ele me fez!

         - Só porque alguns acham que violência é o caminho, não significa que essa seja a melhor atitude. Perante uma ofensa, três condutas são possíveis: reagir com mais violênciafugir ou oferecer a outra face.

         - Mas, se eu não der o troco, vou passar por covarde...

         - Será? Quem pensa assim não sabe que revidar é continuar a briga. O que você ganha com isso? Mais ódio. Muitas brigas são motivadas por pouca coisa, ou por coisas sem sentido, mas que crescem com o calor da discussão. Lembra do ditado: Olho por olho...? Assim todo mundo acabará cego!

         Júnior conhecia o ditado, e achava correto devolver na mesma moeda. Mas a conversa estava fazendo com que ele percebesse a situação de uma maneira diferente.


         - Fugir também não é a solução ideal, continuou o pai, porque transfere o ódio para uma situação futura.

 Muitos acham que violência é apenas socos e o uso de armas, 
mas a violência abrange muito mais: palavras e gestos podem ser violentos, e também os palavrões, que são lixo puro, jogado da boca de quem fala.
              
         - Você já pensou que se der o troco, Daniel pode se sentir injustiçado, e entender que a sua reação foi exagerada, e querer vingança? Violência gera violência, meu filho.
         Sem entender, Júnior perguntou:

         - Como assim? Estou no meu direito de devolver o que ele me fez!
         - Só porque alguns acham que violência é o caminho, não significa que essa seja a melhor atitude. Perante uma ofensa, três condutas são possíveis: reagir com mais violênciafugir ou oferecer a outra face.

         - Mas, se eu não der o troco, vou passar por covarde...
         - Será? Quem pensa assim não sabe que revidar é continuar a briga. O que você ganha com isso? Mais ódio. Muitas brigas são motivadas por pouca coisa, ou por coisas sem sentido, mas que crescem com o calor da discussão. Lembra do ditado: Olho por olho...? Assim todo mundo acabará cego!

         Júnior conhecia o ditado, e achava correto devolver na mesma moeda. Mas a conversa estava fazendo com que ele percebesse a situação de uma maneira diferente.



         - Fugir também não é a solução ideal, continuou o pai, porque transfere o ódio para uma situação futura. Muitos acham que violência é apenas socos e o uso de armas, mas a violência abrange muito mais: palavras e gestos podem ser violentos, e também os palavrões, que são lixo puro, jogado da boca de quem fala.
         Isso Junior já sabia. Há muito tempo que ele não dizia palavrão. E não gostava que falassem desse jeito perto dele. Ele queria agora saber sobre “oferecer a outra face”:         - Deixar ele bater nos dois lados da minha cara? E ficar imóvel? Nem pensar!


         - Não, não é nada disso. Oferecer a outra face é mostrar que as coisas podem ser resolvidas de uma maneira diferente: 


respeitar a opinião do outro, entender seus valores, compreender suas ações, perdoar a atitude desequilibrada. 


Quem sabe o Daniel não teve realmente a intenção de te humilhar, e tudo não passou de um mal-entendido?


         Aos poucos Júnior foi entendendo que a violência do mundo nasce na intimidade de cada um e que cada indivíduo é responsável por suas ações de violência ou de paz. 


O pai explicou, ainda, que o oposto da violência é a mansuetude. 


E que para ser manso, é necessário aprender a agir, ao invés de reagir, através de atitudes de paz, compreensão e tranquilidade. 


Júnior achou difícil, mas prometeu a si mesmo que iria conversar com Daniel sobre o ocorrido, oferecendo, assim, a outra face, a face do entendimento e da amizade.


Claudia Schmidt
OUÇA ESTA MÚSICA É LINDA.

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