Os conflitos na família podem confundir as crianças
A autoridade dos pais
Desautorizar parceiro pode confundir as crianças.
Filhos aprendem com o comportamento dos pais.
fonte : Ana Cássia Maturano Especial para o G1
Quando nos unimos a uma pessoa – seja no casamento ou nas várias formas de união que existem –, levamos conosco toda uma carga de cultura familiar, que inclui um modo de vida, de pensar, os valores. Nem sempre percebemos que existem outras maneiras de viver e de encarar as coisas além daquelas que conhecemos. Essas questões acabam gerando conflitos entre os casais, que se prendem aos seus conceitos prévios como verdades absolutas, defendidas por cada uma das partes como questão de honra.
Com o nascimento dos filhos, se não puderam ser resolvidas anteriormente, essas divergências tendem a piorar. Principalmente se a influência dos familiares for grande. Há sempre um palpite de algum parente ou amigo, que pode ser muito certeiro, mas só será aceito se vier do lado de sua própria família. Perde-se a oportunidade de aprender com a experiência do outro, de refletir sobre os atos e, se for necessário, de agir de modo diferente.
Ao se unir, um casal está iniciando a família e, apesar dos valores que cada um traz, terá de construir uma maneira de pensar e agir próprios, entrando em acordo. Sugestões à parte, em última instância, é recomendável que os pais decidam em conjunto a conduta para com os filhos.
Nem sempre é assim que ocorre. A discordância gera problemas entre o casal – e esses são absorvidos pelos filhos que, por sua vez, chegam a se sentir culpados pelas discussões entre os pais. O ideal é chegar a um meio termo, mas para alguns isso é missão quase impossível.
Há casais em que um desautoriza o outro. É um indicar uma direção para o outro apontar caminho contrário (difícil não imaginar a confusão na cabecinha das crianças). É o mesmo que termos dois chefes no trabalho: um dá uma ordem e logo vem o outro com uma totalmente diferente. A quem devemos seguir? Não sabemos, e isso gera confusão e insegurança. É o que acontece com os pequenos nos casos em que os pais não se entendem. Crianças precisam de parâmetros claros para agirem no mundo, pois o sentem como um lugar muito inseguro. Elas não sabem bem até onde podem ir ou o melhor modo de fazerem algo. Não precisam de mais coisas para confundi-las.
A nossa interferência na conduta da outra parte do casal deve ser feita em particular. Pai e mãe são importantes e necessários aos filhos e devem permanecer como figura de confiança. Nenhum deve perder a autoridade.
Agressividade
Na maioria dos casos, as divergências acabam se dando em um tom agressivo entre os pais, com discussões acaloradas. Temos de lembrar que nosso comportamento, mais que nossas palavras, são exemplos seguidos pelas crianças. Com essa atitude, os pequenos observam como tratar das divergências e aprendem a não respeitar o que o outro pensa – mesmo que lhes afirmemos o contrário.
Para piorar, conforme vão crescendo, muitos acabam usando desse modo de agir dos pais para obterem ganhos. Sabem o que pedir e para quem pedir. E acabam polarizando ainda mais a relação do casal, ao lembrarem que um não permite, mas que o outro é melhor por permitir. E assim vai...
O melhor é o casal entrar em acordo, num clima em que um possa ouvir o outro e se aproveitar de suas experiências. Afinal, podemos ser inexperientes como pais, mas trazemos conosco uma bagagem como filhos e podemos contar com ela. Essa compreensão pode fazer a diferença para que todos saiam ganhando.
(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)
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