A generosidade pode ter, pelo menos, duas faces: uma boa e uma
má ou uma verdadeira e uma falsa, como você achar melhor.
A boa é marcada pela liberdade de agir conforme a consciência
simples que decide sempre em favor do desfavorecido – ainda que este seja um
inimigo ou alguém que não seja objeto da nossa maior simpatia – e que vê na ação da ajuda a benção em si e não um meio de se
alcançar alguma benção. Ela é, portanto, despretensiosa, livre, não romântica,
não sentimentalista, não ufanista
e nem marqueteira.
A face má da generosidade, por assim dizer, é caracterizada
muitas vezes pela sutileza de uma “bondade” que nada mais é que pretexto
para manipulação dos incautos. Políticos e
religiosos maus intencionados são exemplos disso que aqui falo. Mas não precisa
ser político ou religioso picareta, basta ser apanas mal caráter mesmo. Não é difícil encontrar os que usam da politica da “boa
vizinhança”, de uma imagem de “boa gente” e que usam de artifícios vários para
ir fazendo discípulos ou “amigos” com o fim de alcançar interesses pessoais.
A “generosidade” ainda pode ter um lado
inconsciente, em muitos casos uma realidade vivida por muitos. Falo da
generosidade que é motivada pelo desejo de ser aceito, portanto, não
consciente, não racional, não isento de uma busca emocional por compensações psicológicas. Em geral parte de
pessoas que não conseguem dizer “não”, que não conseguem saber os seus limites,
que não discernem muitas vezes as reais necessidades do outro. Tal “generosidade” é movida pela carência dos que só querem ter gente
por perto, gente agradecida, gente que as reconheça, gente que as bajule. Algumas capazes de serem “boas” até o fim, mas não sem viverem
em estado constante de uma ansiedade pela atenção dos outros.
Os que são objetos da generosidade mau intencionada, como
também da generosidade dos carentes, acabam se tornando objetos de
uma armadilha dos “generosos” e não, raras vezes, tornam-se reféns de uma
bondade perversa ou doentia, ou mesmo das duas coisas.
A generosidade pura e simples é uma marca do Reino de Deus no
coração dos sinceros. Generosidade é uma consciência que precisamos construir
existencialmente, conforme o exemplo de Cristo e seus ensinos.
Fazer o bem, de fato, faz bem para quem só quer vê o bem do outro e
nada mais.
Fazer o bem é bom e tem que ser assim: de um modo que a mão
esquerda não veja o que fez a mão direita.
Por: Samuel Andrade