Soluço – saiba quando você deve começa a se preocupar
É comum ouvirmos que comer rápido, beber refrigerante ou rir muito pode causar soluço, certo? E que tomar água com açúcar ou levar um susto resolve o problema? Não é bem assim...
Vamos
primeiro entender o que é o soluço. É uma contração involuntária,
intermitente e espasmódico do diafragma e dos músculos intercostais.
Esta contração dá origem a uma inspiração súbita e termina com o
fechamento abrupto da glote, o que gera o som de "hic" característico.
Na maioria das vezes é inofensivo, possui uma frequência média de quatro
por minuto e desaparece espontaneamente em alguns minutos.
Segundo o médico-cirurgião do Einstein,
Dr. Sidney Klajner, o mecanismo que causa soluço ainda é desconhecido e
envolve as vias neurológicas que formam um arco reflexo. Essas vias
abrangem nervos como o frênico (diafragma), o vago (responsável pela
inervação de grande parte das funções digestivas) e conexões no sistema
nervoso central. Não se sabe se há algum papel fisiológico para o
soluço. No útero, acredita-se que soluço no feto tem a ver com
exercícios respiratórios, antes do nascimento.
O soluço pode ser dividido em três categorias baseadas em sua duração:
- os episódicos, que podem ser causados pela hiperdistensão gástrica ("comer demais"), pela ingestão de bebidas gasosas e aerofagia (mascar chicletes, tabagismo) e insuflação do estômago durante endoscopia.
- os persistentes e os intratáveis, que podem levar a efeitos adversos com desfechos graves como desnutrição, perda de peso, insônia, fadiga, estresse mental e prejuízo da qualidade de vida.
"Pouco se sabe sobre a incidência de soluções intratáveis ou
persistentes. Apenas alguns estudos demonstraram que mais de 200 casos
de soluço persistente ou intratável apresentavam-se na maioria em idosos
do sexo masculino e com doenças associadas", explica o médico.
Diagnóstico e tratamento
Soluços episódicos, por serem habituais e por cessarem
espontaneamente, não necessitam de avaliação. No caso de soluços
persistentes por mais de 48 horas, há necessidade de investigação de
alguma causa que se apoia em doenças clínicas. A investigação se inicia
por uma anamnese minuciosa (entrevista detalhada com o
profissional de saúde) e por exames complementares, como os de sangue,
ressonância magnética, broncoscopia, endoscopia, teste de função
pulmonar, entre outros.
"Não há estudos completos e minuciosos a respeito do tratamento do
soluço, apenas estudos observacionais. Caso seja encontrada alguma
doença relacionada, o tratamento, então, deve ser direcionado àquela
doença", afirma o Dr. Sidney.
Algumas manobras físicas podem ser realizadas a fim de parar os incômodos "hics".
- prender a respiração ou soprar contra um obstáculo
- estimular a nasofaringe ou a garganta por meio de ingestão de água gelada, gargarejo ou ingestão de açúcar puro
- fazer pressão sobre os olhos para estimular o nervo vago
- manipular o diafragma – fazer flexão das coxas sobre o tórax ou apoiar o tórax contra uma superfície.
Contudo, se tudo isso não der certo e for diagnosticado um caso de
soluço persistente ou intratável, algumas drogas podem ser utilizadas.
"Terapias alternativas mostraram algum resultado em casos
selecionados, como hipnose e acupuntura. A cirurgia para o bloqueio do
nervo frênico e para a implantação de um marca-passo respiratório pode
ser utilizada em casos refratários e com resultados ainda em estudo,"
finaliza o médico-cirurgião.
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