Uma tirinha publicada em um jornal mostra dois personagens que dialogam.
De um lado um menino com suas incertezas, dúvidas e dores do mundo.
Do outro uma amiga, uma borboleta que transborda calma e equilíbrio. Cada conversa é como uma parada na estação sabedoria.
Ele pergunta, em tom reflexivo:
Você está sempre plena, não sofre, não sente dor. Qual é o seu segredo?
Ela responde, segura:
O segredo é que eu não me queixo.
Curiosa e sábia reflexão.
Primeiramente analisemos que, na visão dele, ela não sofria, não sentia dor. E por isso era plena.
Por vezes, enxergamos assim a existência daqueles que julgamos ter uma vida muito mais feliz do que a nossa. Invejamos, queríamos estar lá, vivendo aquele papel e não o nosso.
No entanto, a plenitude da amiga alada não estava na ausência de aflições, mas na forma de lidar com elas.
Viver se queixando é uma das maneiras de amplificar o sofrimento, de tornar as provas mais duras ainda.
Os queixumes não resolvem problemas. A reclamação por si só não nos coloca no caminho das soluções.
Alguns de nós tornamos as queixas algo tão corriqueiro, tão frequente, que não percebemos que ela se instalou em nossa mente como um vício.
Um vício, exatamente. Uma prática do pensamento e da palavra que nos faz reclamar de tudo. Nada está bom. Tudo poderia ser diferente e melhor.
Lamentamos e lamentamos.
Queixamo-nos porque chove demais. Depois, nos queixamos dos dias secos e das altas temperaturas.
Na sequência é a vez de nos queixarmos dos parentes, dos políticos. Nada está bom. Ninguém presta.
Com isso, nos tornamos naturalmente pessimistas, pois quanto mais nos queixamos, mais enxergamos apenas o lado negativo das experiências cotidianas, mais nos cobrimos com essa espessa névoa de negatividade.
Conforme o tempo vai passando, vamos nos acostumando com essas lentes escuras. Então, fica mais difícil abandonar os óculos de sol.
Estar insatisfeito com aquilo que julgamos não estar correto em nós e no mundo, obviamente, se faz necessário em certa dose.
A exata dose que nos deve impulsionar a mudar. A dose que nos deve estimular a agir.
Um certo incômodo precisa estar presente dentro de nós, para que possamos sair do lugar onde nos encontramos e seguir nosso caminho de ascensão.
Entretanto, o simples reclamar e mais reclamar não faz isso. Apenas tornamos a realidade mais dura e ainda, contagiamos os que estão ao nosso redor.
Quando percebemos, estamos cercados desses que pensam como nós, que se queixam sem parar, que somente veem a noite escura das coisas que incomodam.
Atraímos os pares, os semelhantes, do mundo material e do outro.
Em breve, nos tornamos uma sinfonia de reclamações e nada mais. Uma música triste que faz doentes do Espírito e do corpo.
* * *
Abandonemos as queixas frequentes.
Retiremos do pensar e do falar esse tom derrotista, esse timbre de desapontamento e comecemos a trabalhar.
Quem trabalha no bem, quem está com a mente ocupada em tarefas edificantes não tem tempo para reclamar.
MUSICA : XOTE DA ALEGRIA - FALA MANSA
Redação do Momento Espírita, com base
em tirinha do livro Téo e o Minimundo, o
lugar do outro, de Caetano Cury,
Caetano Cury
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