PALAVRAS
"Você já
pensou sobre a força das palavras? Na força negativa e positiva? Sim, afinal,
as palavras podem libertar e oprimir, alegrar e entristecer, fazer viver e
fazer morrer, aliviar e angustiar, rir e chorar, incentivar e esmorecer, amar
e odiar e assim tantas coisas mais.
Estava
pensando sobre
estas coisas e, coincidentemente, encontrei um texto da escritora Lya Luft.
Ela, entre outras coisas, afirma que a palavra faz parte da nossa essência:
com ela, nos acercamos do outro, nos entregamos ou nos negamos, apaziguamos,
ferimos e matamos. Com a palavra, liquidamos negócios, amores.
Uma
palavra confere o nome ao filho que nasce e ao navio que transportará vidas
ou armas.
“Vá”, “Venha”, “Fique”, “Eu vou”, “Eu não sei”, “Eu quero, mas não
posso”, “Eu não sou capaz”, “Sim, eu mereço” - dessa forma, marcamos as
nossas escolhas. Viemos ao mundo para dar nomes às coisas: dessa forma
nos tornamos senhores delas ou servos de quem as batizar antes de nós.
Palavras
podem ofender mais do que a realidade:
- Você
aquela vez disse que eu...
- De
jeito nenhum, eu jamais imaginei, nem de longe, dizer uma coisa
dessas...
- Mas
você disse...
- Nunca!
Tenho certeza absoluta!
Vivemos
nesses enganos, nesses desencontros, nesse desperdício de felicidade e afeto.
O MODO DE DIZER
Além do
conteúdo das palavras, existe a forma de como elas são ditas. Muitas vezes
queremos falaruma coisa, mas a forma ou a nossa expressão acaba nos traindo.
Outro dia uma amiga me dizia que a funcionária dela se ofendeu porque pediu a
ela que fizesse tal coisa. Fui falar com a funcionária e ela foi muito
humilde na resposta: - Não sei porque ela foi tão arrogante ao me pedir
uma coisa tão simples. Vou contar uma pequena história, enviada pelo
amigo Giovani Ascari, para demonstrar como as palavras e o modo de
expressá-las são importantes em nossa vida:
Havia
certa vez uma jovem muito bonita que tinha dois pretendentes: um deles era reservado e
mais calado e o outro era muito extrovertido e brincalhão. Este último sempre
falava das belezas da moça e de quanto ele a queria para todos que encontrava
na cidade, de modo que ela se tornara muito conhecida. Por fim, um dia, a
jovem se casou. Com quem? Com o jovem reservado que não ficava falando dela
para todo mundo.
Na saída
da igreja perguntaram ao vaidoso:
- O que
aconteceu? Não dizias que ela era tão bonita e formidável...
Ao que o jovem falou:
- O problema é que enquanto eu falava
PARA ela, o outro falava COM ela.
Você
percebeu como ocorre o diálogo? Por que as palavras bonitas não bastam? Qual
foi o ingrediente que colocou força nas palavras? Qual foi o segredo da boa
comunicação, o número de palavras? Com certeza, não! Um dos segredos do saber
falar é falar com a vida, com paixão, com os olhos, com os gestos, com o silêncio,
com a alma.
Quantas
vezes você já escutou pessoas falarem: - É, falou bonito, mas falou sem vida.
Ou: - Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço. Infelizmente, esta é
a realidade de grande parte das palavras que nós ouvimos diariamente.
O MOMENTO CERTO
Há
cerca de 15 anos assistia a um programa de shows musicais quando o
apresentador interrompeu o programa para anunciar a morte de uma pessoa
daquela cidade. Assim que acabou de noticiar a morte e a missa de corpo
presente, falou o seu jargão pessoal: - Mas que beleza!
É
importante prestar atenção e ter “presença de espírito” para sabermos falar
a palavra certa no momento certo e do modo certo. Muitos casais falam
besteiras em momentos de raiva e acabam dificultando ainda mais o
relacionamento.
Há
ainda outra situação: quando a palavra mais forte é o silêncio.
Quantas vezes falamos demais, falamos besteiras, falamos o que não sabemos,
falamos para a pessoa errada, no momento errado e da forma errada. Com
absoluta certeza, escutar e silenciar são artes que precisamos aprender e
exercitar.
No
entanto, nem
sempre podemos silenciar. Existem momentos em que a nossa palavra é
importante. Uma amiga certa vez me confidenciou que sentia uma grande
necessidade de falar com o marido, pois havia se ofendido por uma atitude
dele. Ficou acordada até às 5 horas da manhã, quando conseguiu ter a coragem
para acordar o marido e abrir seu coração. Depois de uma conversa de uma
hora, estava na hora de levantar para ir ao trabalho, mas o coração estava
aliviado.
Vou citar
outro exemplo, já
bastante conhecido, do casal de idosos. Durante 35 anos o marido dormiu do
lado esquerdo da cama e a esposa do lado direito. Certo dia os dois
estavam conversando e a esposa falou: - Nestes 35 anos em que estamos
dormindo juntos, preferiria ter dormido do outro lado da cama. O marido
respondeu: - Engraçado, eu também prefiro dormir do outro lado. Por que
não conversamos isso antes?
AS PALAVRAS NO RELACIONAMENTO
Quando
duas pessoas se amam, qualquer mínimo detalhe é importante para o outro. No
amor, as coisas mais simples são as mais importantes, e uma das coisas mais
sim-ples é a amizade. Amar significa ser amigos íntimos. Um namoro ou
casamento sem amizade não é namoro ou casamento. É uma convivência entre dois
seres estranhos para ir administrando a vida.
Maria
Helena Matarazzo,
escritora, afirma que conversar gostoso sobre as coisas do dia-a-dia é
fundamental no relacionamento. Falar sobre o que você fez hoje, o telefonema
da sua mãe, a política, o trabalho, os acontecimentos diários faz parte de um
bom relacionamento.
Também
é bom conversar com o
companheiro sobre aquilo que a gente não fala para mais ninguém: nossos
ataques de fúria, nossos medos. Isso permite que cada um vá descobrindo o
outro e se descobrindo. Nesse momento, o mais importante não são as coisas
práticas, mas o que sentimos ou vivenciamos. São essas trocas que aprofundam
o amor.
PARA REFLETIR
1.
Quais são as palavras que mais saem da sua boca? São palavras de amor, de
irritação, palavras ditas só por falar, palavras que apoiaram,
ridicularizaram...
2. Como você transmite as palavras? Com humildade ou com arrogância?
3. Por que as palavras são importantes para o relacionamento?"
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