quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Aja com calma


Amor à Vida

       “Amar a vida é sentir-se ligado ao divino, ao espiritual, ao transcendente. A vida é uma melodia de amor que ecoa por toda parte. Ame a vida, pois é nela que você existe. O amor de Deus não nos permite ausentar-nos dela.

 

 Não se tem mais de uma Vida. Ela é única e eterna. Valorize-a por você e por Deus.

         Viver é uma arte.

 É uma

 construção estética do es

pírito. Vi­ver em paz consigo mesmo é viver bem com o outro. Todos somos convidados a viver com o outro e, nesse convívio, aprendemos a viver bem connosco. O outro é sempre um espelho positivo onde enxergamos o negativo que existe dentro de nós mesmos.

 

         Se você acha que sua vida não tem sentido por não ter um amor, lembre-se de que o sentido dela é dado por você e só a você compete a escolha de ser feliz com o amor que lhe compete doar. Não se entregue ao passado como se ele fosse seu presen­te ou seu futuro. O amor é sua constituição e não se encontra presentificado no outro.

       Quando o amor comanda a vida, ela se faz plena de reali­zações nobres, não se deixando contaminar pelo pessimismo e derrotismo característicos daqueles que abandonaram o caminho do bem.

Há momentos sublimes na vida que marcam para sempre a pessoa. Tais momentos alcançam o ser humano nas vibrações do amor. Quando isso ocorre, há o enriquecimento daquele que o experimenta. Jamais esquecemos aquilo em que colocamos a energia do amor. 

A carga afetiva que adicionamos aos fatos da vida nos acompanhará para sempre na intensidade que determinarmos.

 

A filosofia verdadeira é a do amor à vida. É a que estabe­lece como bandeira a realização do amor na Terra. O amor nasceu com a vida e, na Terra, ganhou maturidade com o Cristo.

 

O amor provoca a revigorarão da vida. É o alimento que a nutre. É o oxigênio da Criação. A vida é obra do amor e nele se estrutura. Gostar de viver é nutrir-se do amor para seu próprio crescimento.

A vida na Terra é um ato do amor de Deus. É uma oportu­nidade de refazer-se na longa caminhada pela perfeição. É poder sentir-se uno com a Criação Divina. 

Ao admirar a Natureza per­cebe-se o quanto ela é bela e grandiosa. Suas mínimas particula­ridades revelam a Grandeza de seu Autor.

Nada foi esquecido ou desprezado. Tudo se encontra em desenvolvimento e evolução.

 

Amar é abrir uma janela para a vida. É despertar do sono letárgico em que se vive. É sair do casulo das paixões inferiores e entregar-se ao divino. É perceber-se Um com Deus e com o outro. O amor é a essência do universo. Sua constituição íntima é o amor.

 

No amor está a síntese da vida. Ela só tem sentido quando formos capazes de perceber o amor. Em tudo observamos a presen­ça do amor. Ele se manifesta como energia mantenedora da vida.

A vida dedicada ao amor é a vida plena. A vida entregue ao amor é a vida completa. Não se entregue a outra coisa na qual não possa perceber o amor pleno. Se sua vida foi dedicada ao amor, tenha certeza de ter cumprido sua tarefa na Terra.

 

       Quando outras vidas se juntam à nossa, é sinal de que o amor deverá estar presente como condição básica de ligação para o crescimento de todos

. Ninguém está presente em sua vida por acaso. 

 

Cada pessoa é oportunidade de amar e crescer.

 

O outro em nossa vida é a ligação com o que est

á

 

 

 oculto em nós. É fator de crescimento pessoal.

 

Facilita o contato com nossa essência oculta, desconhecida e misteriosa.

 

A vida, qualquer que seja o desafio, em que nos encontremos, é abençoado presente de Deus cujo uso é de nossa responsabilidade.

 

Percebe-se, se verdadeiramente amamos na vida quando a ela devolvemos tudo que ela nos deu e mais aquilo que de nós mes­mo oferecemos.

Quem ama explode em viver. Vive em alegria e alegra-se em existir. Transborda em compreensão, em afeto, em autopercepção e heteropercepção.

Viver não significa ser conhecido ou ter notoriedade entre os homens. Muitos alcançam o estrelato sem terem crescido verdadeiramente. A verdadeira vitória é a que iniciamos  contra nossas más inclinações. É considerado vitorioso quem vence a si mesmo.

Jesus deu sua vida em favor e por amor à Vida”

 

Faço minhas as palavras do autor, quando rubricou o livro:

Ame Sempre 

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ranscrição do Programa Vida e Valores, de número 134, apresentado
por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.

Programa gravado em janeiro de 2008. Exibido pela NET, Canal 20,
Curitiba, no dia 17 de maio de 2009.
Em 20.9.2021

 

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Todos nós vivemos num mar de inteligências, que Platão havia dito que era um mar de Eidos, de ideias.


Todos nós pensamos. Nossos pensamentos são ondas e, por causa disso, vivemos nesse mar de pensamentos.


Nesses tempos que estamos vivendo na Terra, há um pensamento que gera muitos outros, mas que é um pensamento central: a paz.


Em toda parte se fala da paz. Mesmo nos continentes, nos países, nas regiões que se acham em guerras, existe o discurso pró-paz.


Curiosamente, muita gente não se deu conta, não se dá conta, do que seja a paz.


A paz, de maneira nenhuma, corresponde à estagnação das águas paradas. Não, isso não é paz, isso é estagnação.


A paz não tem nada a ver com não fazer nada, ficar à toa, com excessivo ócio. Isso não é paz, isso é preguiça.


A paz não tem nenhuma vinculação com a paralisia dos cadáveres, com a inércia dos mortos. Isso é apodrecimento, é putrefação.


A paz é, sob todos os títulos, uma virtude psíquica, uma virtude do ser, da alma, da intimidade.


Paz significará sempre um estado interior em que a criatura que a busca, que a persegue, entra na sintonia das leis cósmicas.


Ser pacífico é a criatura buscar essa integração com o Criador, sob todos os aspectos.


E, a partir disso, ele tratará de cumprir seus deveres para com a vida, em nome da paz.


Em nome da paz, tratará bem as pessoas, terá seus altos e baixos, ficará nervoso muitas vezes, tenso em outras ocasiões mas, tudo isso na busca do aprimoramento, tudo isso no desejo de se aperfeiçoar. É a busca da paz, em si próprio.


É por essa razão que nos damos conta de que, quando alguém está buscando a paz e assume seus compromissos diante da vida, não se vitimiza, não se coloca como vítima da vida, das coisas, dos outros, porque quem está querendo paz, aprende a governar a si mesmo, a governar a sua própria vida, a ser uma pessoa autônoma, a não realizar o bem apenas porque está sendo visto, ou porque alguém o vai aplaudir, ou porque vai ganhar alguma coisa, e deixa de fazer o mal, deixa de cometer erros, somente quando disso adviria uma sanção. Não.


A criatura que busca a paz trabalha esse sentimento na sua própria intimidade. A paz não é um estado em que nada nos aconteça, nada nos sacuda, nada nos atormente. Não, não é essa paz.


Nós que vivemos no mundo, e todos quantos no mundo estamos, precisamos nos dar conta de que a paz tem componentes íntimos indispensáveis.


Primeiro, é necessário que nós queiramos a paz. Não adianta fazer só o discurso da paz. Não nos vale a pena o discurso somente. É importante que, além do discurso, advenha o curso da paz.


Essas três letras representam tanta coisa para a mente humana, para a vida humana, para o mundo em geral, que a maioria das pessoas que proclama o tempo todo paz, ainda não se deu conta do que ela significa.


Para muita gente, a paz tem que ser mantida à base da força, à base das armas. Para outros, a paz é aquele documento que se assina nos gabinetes políticos, os tratados de armistício. Isso não é a paz. São as conveniências políticas.


A paz reclama de nós essa justeza de propósito, esse querer fazer, cumprir com as nossas obrigações, para poder cobrar os nossos direitos.


Atender os nossos deveres para com a vida, para com as pessoas, para com as coisas, a fim de que esses deveres bem cumpridos nos deem acesso aos direitos recebidos.


A paz pede de nós a ação. De nenhuma maneira a paz propõe que sejamos passivos. Pede que sejamos pacíficos. E é por aí que começamos a refletir em torno da paz.


* * *


Pensando na questão da paz, deveremos buscar fazer da nossa vida um campo de paz, um hino de paz, uma proposta de paz.


Quando o Apóstolo Paulo de Tarso propôs que nos tornássemos cartas vivas do Evangelho, muita gente teve dificuldade, e até hoje ainda tem, para compreender esse significado que Paulo quis dar à proposta.


Cartas vivas do Evangelho: como o Evangelho é a Boa Nova, é essa busca de fazer da nossa própria vida um referencial para muita gente que não tem qualquer outra referência.


Por causa disso, quando buscamos a paz tratamos de enfrentar as lutas cotidianas, aquelas lutas que fazem parte das vidas de todas as pessoas, com essa dignidade de quem é pacífico.


Repito que ser pacífico não é ser passivo. O indivíduo passivo é aquele que não se mexe, é aquele que não age, é aquele que espera que os outros façam.


O pacífico é aquele que luta, que corre atrás, que realiza, que resolve, que define, que decide.


Vemos em Gandhi um homem de paz. Mas não era passivo, era pacífico. Lutava, entregava-se, doava-se.


Na nossa vida comecemos a pensar em criaturas assim: que são capazes de promover a paz, a partir de si mesmas, dando conta dos compromissos cotidianos.


Quantas vezes somos assaltados pela enfermidade, dentro do lar? É tão difícil ser pacífico nessas horas, porque o desespero costuma tomar conta das pessoas, tomar conta de nós. Há descrença, pessimismo. E essa paz onde é que está?


A paz precisaria ser a nossa conselheira nessa hora, para que entendêssemos que estamos procurando a Medicina, estamos procurando os atendimentos necessários, estamos dando a cobertura devida; agora, entreguemos a Deus a saúde do nosso ser querido, ou a nossa própria saúde. Isso é ser pacífico.


Outras vezes encontramo-nos diante de acidentes econômico-financeiros, o desemprego. Lutas ásperas, sem dúvida, mas a criatura pacífica não se aterroriza, não se amotina.


A criatura pacífica confia fundamentalmente que coisa alguma em sua vida ocorre sem uma razão de ser. Não se detém, não é passiva, ela corre atrás, vai em busca de resolver o prejuízo, de desfazer o transtorno econômico-financeiro. Mas, por trás disso existe essa certeza de que, no momento devido, tudo se aclarará, tudo chegará ao seu lugar devido, porque, pacífica, a criatura é capaz de entregar a sua mente a Deus, a sua vida ao Criador. Pacífica, como deseja ser.


Vamos perceber que, em outros momentos, nos deparamos com a própria morte. Quanto tormento a desencarnação ainda provoca, para as vidas, para as pessoas que ficam?


Embora as religiões de todos os tempos sempre tenham dito que a morte não existe, parece que isso se tornou um discurso vazio. Parece que os indivíduos escutam, mas não entendem. Parece que a morte só não existe para a família dos outros.


E nos desarvoramos, nos desestruturamos, passamos a pesar sobre o falecido, com a nossa energia negativa, com a nossa energia de auto-vitimização. Desse modo, não colaboramos nem com a paz da criatura desencarnada, e nem com a nossa.


Fazemos orações periódicas pela criatura querida ou amiga, que viajou para o outro lado da vida, como se falar coisas, dizer fórmulas, resolvesse o problema de sua paz espiritual.


Não nos damos conta, muita gente não sabe, que essa energia envenenada que o desespero provoca, atinge os nossos seres queridos falecidos, tira-lhes do caminho da paz, e leva-os ao desespero também.


A paz deve ser uma conquista que cada um de nós irá fazendo gradativamente, no seu dia a dia. Uma tormenta hoje, um nervosismo amanhã, uma irritação depois e, nesses intervalos, o esforço pela paz.


A mesma paz que vimos na vida de Cristo. Foi Ele que nos disse com muita tranquilidade: A minha paz vos deixo, a minha paz vos dou.

 

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 138, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em abril de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 28.12.2008.
Em 02.05.2009.

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A construção do Lar

É muito comum fazermos a distinção entre casa e lar.

 Costumamos chamar de casa a construção de material, de madeira, de alvenaria, de pedra, seja o que for, enquanto que o lar é o que se passa dentro dessa construção. Muitas vezes, nós conseguimos construir a casa, mas não chegamos a formar o lar.

 

Vivemos dentro dessa casa de formas tão estranhas, que não configuram o lar. O lar é o emocional, é o sentimental, é o racional, é o vivencial. É a interação das pessoas. A casa é o prédio.

 

Muitas vezes as pessoas dizem: Estou indo pra casa, mas, aborrecidas, porque estão indo para casa e, possivelmente, ao chegarem em casa, não encontrarão o respaldo do lar.

 

É muito importante, para nós, verificarmos porque é que o lar nos é importante. Exatamente porque ali se reúnem Espíritos, criaturas, indivíduos procedentes dos mais variados recantos da natureza.

 

Advindas, essas criaturas, das experiências as mais várias e, desse modo, ao nos encontrarmos dentro de casa, para formar o lar, teremos obrigatoriamente que trocar essas experiências.

 

A esposa teve uma criação, uma formação, uma instrução ou deixou de tê-la. O marido outra e, agora, são duas pessoas que vão se reunir, na tentativa de forjar outras pessoas e educá-las, os filhos.

 

Então, o lar representa esse cadinho, esse campo de provas, onde as diferenças se atritam, onde nós trocamos aquilo que sabemos com o que o outro sabe.

 

Desse modo, é muitíssimo importante que nós construamos o nosso lar em bases de equilíbrio, de entendimento, o que nem sempre é fácil.

 

Todas as vezes que nos reunimos, pessoas diferentes, seja no que for, isso nos dá uma certa instabilidade, isso gera uma certa instabilidade.

 

Há sempre uma diferençazinha entre o esposo e a esposa, entre os pais e os filhos, entre os irmãos.  Por quê?

 

Porque se a esposa tem um pouco mais de cultura, se o marido tem um pouco menos, isso já deixa um degrau de frustração.

 

Ele vai fazer de tudo para mostrar que ele também sabe, quando seria tão fácil admitir que ele ainda não sabe. Poderá aprender. Se a esposa se torna submissa porque seu marido é doutor, seu marido é que sabe, já desbalanceia o lar.

 

Seria tão normal se ela admitisse que, de fato, ele preparou o que sabe, ele sabe na frente e ela não está proibida de aprender e de saber também. Mas, cada qual respeitando o outro, sem se sentir lesionado, sem se sentir frustrado, sem se sentir diminuído.

 

No lar, nós temos ensejo de trocar tudo isto. Verificamos que aquele homem notável, notável médico na sociedade, ele chega em casa. Ele é carente do que a cozinheira fez, dos carinhos da esposa, dos filhos.

 

Aquele grandioso engenheiro respeitado na sua empresa, na sociedade, mas quando ele chega em casa, ele é aquele gatinho carente de carinho, de atenção de   sua esposa, dos seus filhos.

 

Nós somos movidos à emoção, a sentimento. O ser humano não é meramente racional, nós somos sentimentais.

 

Então, aquele homem que faz pressão na sociedade, o grande político, o grande administrador, mas quando ele chega em casa quem manda em tudo é a sua mulher.

 

Não, nós não vamos. Não, eu não quero. Não, você não vai fazer. Não, você não aceitará. E para que o amor possa vigorar é necessário que nós aprendamos ouvir um ao outro. O lar é assim.

 

É essa grande panela, é esse grande cadinho, dentro de cuja estrutura todos nós vamos aprendendo, uns com os outros, oferecendo o melhor que tenhamos e aprendendo o que os outros têm a nos oferecer.

 

É muitíssimo importante a estrutura do lar. Não tem nada tem a ver com a casa. O lar vem de dentro.

 

*   *   *

 

Uma vez que essa estrutura de lar ela é de dentro da criatura humana, é muito importante que cada elemento do lar se preocupe com o outro e se ocupe também com ele.

 

Cada vez que nós pensamos na família que vive nesse lar que estamos abordando, certamente que cabe aos esposos determinados compromissos entre si, para a mantença do lar.

 

Se eles despautarem desses cuidados, o lar não se sustenta. Para a estrutura do lar é importantíssima a fidelidade, o respeito, a parceria, o acompanhamento, o companheirismo.

 

Se houver filhos na relação, os cuidados com o encaminhamento dos filhos neste mundo atormentado da atualidade.

 

Onde estão nossos filhos? Com quem estão nossos filhos? Fazendo o quê os nossos filhos estarão?

 

Esses cuidados que, há muito, passaram a ser coisas démodé, precisam voltar às preocupações nossas, precisam retornar aos cuidados domésticos.

 

Quando ouvimos as notícias de que tal criança foi seviciada, foi levada, foi conduzida, isso nos remete a refletir sobre a desatenção, muitas vezes, dos pais.

 

Com quem está minha criança? Onde está neste momento?

 

Vivemos dias em que os nossos filhos são mandados para dormir na casa dos amigos, dos colegas. Mas a gente não sabe quem são os pais desses amigos, desses colegas.

 

Não sabemos qual é a formação moral dessa família para onde estamos mandando os nossos filhos. Muitas vezes, acordamos tarde demais.

A estruturação do lar exige bom senso, exige cuidados, exige raciocínio.

 

Não é uma prisão. Todos usufruem liberdade. Mas, na estruturação do lar, a liberdade jamais estará alheada, distanciada das noções de responsabilidade.

 

Todos os que têm liberdade no lar, também hão de ter responsabilidades.

 

E se forem crianças?

 

Nós vamos ensinando às crianças a ter responsabilidade com as coisas delas. Guardar os brinquedos, colocar a roupinha que tirou no cesto, na medida em que elas vão podendo.

 

Como é que a criança aprende a ajudar em casa?

 

Traz para a mamãe, pegue a vassoura.

 

Pegue aquilo. Traga aquilo. Leve aquilo para a mamãe. Ajude a mamãe.

 

Sem nenhuma imposição, para que a criança aprenda a gostar de colaborar.

 

Venha aqui com o papai, segure aqui para o papai poder esticar.

 

Criando vínculos. Quando os nossos filhos começam a ir para a escola, cedinho, será nosso dever, de pai ou de mãe, puxar assunto com eles.

 

Como é que foi hoje o dia? Com quem você  brincou? O que que a professora lhe ensinou? Ou a tia?

 

E a sua merenda, comeu-a? Distribuiu com alguém?

 

Para que nós ensinemos à nossa criança, desde cedo, a conversar conosco sobre o que se passou com ela.

 

Depois que ela aprende a conversar conosco, não precisamos perguntar nada.

 

Quando a apanhamos à porta da escola, ela já nos vem contando. Quando a colocamos no carro, ela já começa a falar. E é dessa maneira que nós vamos criando uma parceria doméstica.

 

Os filhos não precisam esconder dos seus pais as coisas que vivenciam. Os pais não devem negar orientação aos filhos, para que eles saibam se nortear. Estar sempre acompanhando.

 

Quando a nossa criança começa a crescer e não faz aquelas intrigantes perguntas, sobre sexo, sobre isso ou sobre aquilo, que os pais não imaginem que elas não sabem, que elas são inocentes. Admitam que já aprenderam, de forma equivocada e, porque aprenderam de forma equivocada, têm vergonha de falar para nós.

 

Cabe, então, para que o lar se reerga, todos nos envolvermos com todos.

 

Com carinho, com atenção, com sorriso, com seriedade, cada coisa no seu lugar. Mas, que não falte entre nós jamais a ternura, o respeito recíproco, na certeza de que nós somos irmãos em Deus, momentaneamente situados como marido, mulher, pais, filhos, irmãos.

 

Para que o nosso lar seja feliz, para que nós utilizemos esse cadinho, como a grande oficina das almas, não poderá faltar o amor. O amor que gera respeito, o amor que imprime responsabilidade.

 

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 186, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.

Programa gravado em janeiro de 2009.
Em 27.7.2020.

 

 

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Há um provérbio popular que estabelece que a pressa é a inimiga da perfeição. Quem é que nunca ouviu isto? Sempre ouvimos falar que a pressa perturba o trabalho da perfeição.

 

Naturalmente que esse provérbio deve querer dizer que se nós fazemos as coisas atabalhoadamente, apressadamente, temos todas as possibilidades de cometer erros, de cometer equívocos, de esquecer coisas, de desacertar. Todos nós temos experiências em nossas vidas. Quando saímos de casa correndo, esquecemos alguma coisa para trás, deixamos alguma coisa aberta, a lâmpada acesa ou aquilo que a gente ia levar para fazer nós esquecemos em casa.

 

É muito comum percebermos como é que a pressa nos complica, nos agita, nos excita. E, neste mundo no qual vivemos, o que mais tem é excitação, corre-corre. Estamos num mundo de estresses. As pessoas estão sempre agitadas, sempre atrasadas, sempre atrazadas para algum compromisso.

 

Quanto mais tempo se dá às pessoas menos tempo elas têm. A Humanidade recebeu vários implementos do progresso: as máquinas para nos facilitar os trabalhos, máquinas domésticas, lavadoras, passadeiras, lavadoras de louça, fogões autolimpantes. Tudo eletrônico, tudo eletrificado, tudo fácil. Geladeira que se descongela, geladeira que produz gelo, que a gente tira na porta. Tudo para facilitar a nossa vida.

 

E estamos sempre correndo.  Nunca temos tempo. Algo está equivocado. Se Deus não comete equívocos, esses equívocos devem ser cometidos por nós. A calma é a grande palavra nesse momento.

 

Ter calma é algo importantíssimo nas nossas relações sociais, familiais e nas relações conosco também. Mas ser calmo é mais importante ainda. Muita gente diz assim: Perdi a calma com Fulano.

 

Como é que se perde a calma? Como é que se perde a paciência? Se a calma quanto a paciência são virtudes entronizadas no nosso ser, são virtudes já assimiladas pelo ser, como é que a gente perde? Quando dizemos que perdemos a calma ou que perdemos a paciência estamos estabelecendo que nós nunca fomos calmos, nunca fomos pacientes. A calma e a paciência ainda não eram atributos da nossa personalidade, éramos pacientes por conveniência, quando tínhamos interesses.

 

Éramos calmos por conveniências, quando algum interesse nos feria os desejos. Daí vale a pena nós pensarmos que, ao falar-se em calma, não se deve pensar naquela paralisia, naquela lerdeza, naquela incapacidade que caracteriza tanta gente no mundo. Quando se pensa que elas estão realizando algum serviço elas ainda não foram! Quando se imagina que já estejam voltando com o produto do que realizaram, ainda não se foram.

 

Não, não é isto a calma. Isso é pachorra, preguiça, acomodação ou qualquer outro nome correlato que lhe queiramos dar.  A calma é uma virtude ativa. A pessoa é calma no pensamento, avalia o que tem para fazer, o que vai fazer, como deseja fazer, qual é a intensidade do seu fazer. Uma pessoa calma. Ela tem tudo já estruturado na mente mas não se assoberba.

 

Jesus Cristo nos propôs isso: Não vos atormenteis pelo dia de amanhã. A cada dia já basta o seu afã. Segundo algumas traduções: A cada dia já basta o seu mal.

 

Esse recado de Jesus Cristo é em prol da paciência. Se somos pacientes, se formos pacientes não nos importe o dia de amanhã porque estaremos conscientes de que o dia de amanhã não será  outra coisa se não a consequência do nosso dia de hoje.

 

Então, não nos vale sofrer pelo amanhã senão viver bem o dia de hoje.     No dia de hoje, plasmamos o amanhã, plasmamos o futuro. Então, o mais importante é que aprendamos a ser calmos. É um trabalho que leva tempo, exige o nosso esforço pelo autoconhecimento,  a fim de que verifiquemos as áreas mais sensíveis da nossa personalidade onde qualquer estiletada, qualquer contato pode nos fazer explodir, atormentar por falta de calma.

 

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Na medida em que nós ajamos com calma, diante das situações, teremos tempo de refletir sobre a calma. Por que se consegue calma? A calma é um estado de autocontrole que o indivíduo exerce sobre si mesmo. A calma é a consequência do estado de confiança. Na medida em que temos confiança em nós, nas instituições, nas coisas, adquirimos calma, sabemos que tudo vai acontecer no tempo certo.

 

Se somos deístas, se adotamos qualquer crença deísta, temos o dever de trabalhar em prol da calma porque é dessa calma que nós conseguimos refletir melhor sobre o Cosmo, sobre a vida na Terra, sobre nós e o que estamos fazendo aqui, o que nos cabe fazer aqui, qual o motivo pelo qual o Criador nos trouxe para cá.

 

E, dentro dessa visão das coisas, nós entenderemos a calma de Deus. Por que  podemos dizer a respeito da calma de Deus? Está tão certo nosso Criador de que mais cedo ou mais tarde todos teremos que chegar à felicidade, à vitória sobre nós mesmos, que criou para nós a dimensão temporal. O tempo é o grande agente que nos prodigaliza alcançar a calma.

 

É através do tempo que nós verificamos um dia atrás do outro, sem fazer alarde, sem tumulto. Os dias que se sucedem, as noites que se sucedem, os dias demonstrando a paciência de Deus. Colocamos uma semente na terra e esperamos que ela germine, que ela cresça, floresça, possa dar frutos. Trabalho de paciência.

 

Nenhum lavrador colocaria a semente no chão e a semana que vem desejaria colher os frutos dessa sementeira. Há que se ter paciência. Daí, quando pensamos nessa paciência de Deus, gerando nas nossas vidas a possibilidade de trabalhar, no tempo e no espaço, começaremos a verificar o tempo que nós mesmos perdemos com as agitações, com as excitações.

 

Se tivermos que falar alguma coisa com alguém, falemos com calma. Não importa se alguém dirá que temos sangue de barata. É muito comum as pessoas calmas serem confundidas com aquelas que têm sangue de barata.  Diz-se que alguém tem sangue de barata quando não reage, quando está daquele jeito o tempo todo.

 

Mas a proposta dos bons Espíritos é por nossa ação positiva no caminho da calma. É tão importante na hora que vemos que o sangue ferve, entrar para o quarto, guardar-se no aposento, tomar um banho frio para relaxar. Não vale a pena dar vazão ao temperamento, não vale a pena dar vazão às agitações do intimo.

 

Vale a pena, sim, trabalharmos pela manutenção da nossa calma. Sabemos que durante doze horas o dia estará iluminado pelo astro rei e, dali a pouco, teremos a noite pintalgada de estrelas. Ao longo dos dias e das noites fecha-se a semana, fecha-se o mês, fecha-se o ano.

 

Como nenhum de nós sabe, nesse ínterim, nesse interregno até quando o Criador pretende que fiquemos por aqui, exercitemos a nossa calma enquanto é hoje. Quando em nossa casa as coisas parecerem nos tirar do sério, ocultemo-nos no quarto, apelemos para a oração consciente, contrita, pedindo ao nosso Criador, ao Sempiterno as bênçãos para que nós não nos percamos no caminho da calma.

 

Não é que nós vamos perder a calma, é que nós não deveremos nos perder na excitação, na agitação. Quando pensamos na calma de Deus, verificamos o quanto que Ele nos espera, há quanto tempo que nos aguarda. Só a partir de Jesus são dois milênios que já se passaram.

 

E como é que eu não terei paciência e calma diante dos equívocos, dos erros, dos tropeços dos meus entes queridos, daqueles que me cercam na trajetória do mundo? Calma sempre. Aja com calma.

 

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 195, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.

Programa gravado em janeiro de 2009.
Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 11.04.2010.
Em 13.8.2020

 

 

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Dentre os ensinamentos notáveis de Jesus Cristo, destacamos um que nos chama muito a atenção. Em dado momento, afirmou Ele, o verdadeiro amigo é aquele que dá a sua vida pela vida do amigo.

 

Se levarmos ao pé da letra essa afirmativa de Jesus Cristo, não acharemos amigos na Terra. São raras as criaturas capazes de dar a sua vida pela vida do outro. Isso, em termos literais. Se pensarmos, porém, no sentido figurado dessa imagem, acharemos muitos amigos. Porque dar a vida ao outro não significa propriamente morrer pelo outro. Dar a vida é dedicar-se ao outro. Isso é um trabalho da amizade, é um trabalho dos amigos. Somente os amigos podem se dedicar um ao outro.

 

Muitas vezes encontramos essas amizades tão profundas, tão viscerais, tão importantes na própria família. Costumam ser os melhores amigos dos filhos, os seus pais. A mãe faz de tudo pelos seus filhos, renuncia por eles, dá a vida por eles. Os pais, para os quais não há fim de semana, não há descanso, não há repouso, não há férias, desde que os filhos tenham escola, lazer, comida, roupa, brinquedo. São verdadeiros amigos, mesmo quando os filhos não se dão conta disso e se tornam máquinas de exigência para com seus pais.

 

Esses pais correspondem aos melhores amigos que os filhos têm. Dão-lhes de tudo e dá um prazer muito grande ao filho perceber que seus pais não lhe cobram nada. É muitíssimo importante esse apercebimento de que a amizade é alguma coisa que segue essa trilha, a gratuidade.

 

Por isso a amizade não se cobra, por isso a amizade é espontânea. Ela é forjada em bases de sintonia, de afinidade.

 

Temos amigos dos mais curiosos. Cada qual de nós os tem. Amigos que são religiosos, amigos que são ateus, amigos que são religiosos só de superfície, no fundo não são nada. Amigos que são ateus convictos, outros que são ateus de brincadeirinha. Temos amigos que são falantes, outros quietos. Amigos que são fofos, gordinhos. Outros são magricelas. Temos amigos que são figuras importantes no esporte, nas artes, na política, na vida científica, da cidade, do society. Temos amigos pobrezinhos, do gueto, da favela, do morro, dos lugares pobres.

 

Não importa. Quando nosso coração pulsa de maneira diferente junto deles, eles se tornam nossos amigos, gostamos deles e eles gostam de nós.

 

É tão importante a amizade porque, muitas vezes, o amigo tem conosco maior abertura e nós com ele, do que tem com seus consangüíneos, como nós também, às vezes, temos mais liberdade de tratar assuntos íntimos com os amigos do que com familiares consanguíneos.

 

Por isso a amizade é tão importante. Diante dos amigos, respeito. Não é pelo fato de alguém ser nosso amigo, nossa amiga que nós lhe podemos dizer qualquer coisa, agredi-lo com palavras, com censuras indevidas. Não se justifica.

 

Quanto mais gostamos das pessoas, mais as deveremos respeitar. Podemos até discordar dos pontos de vista dos amigos, mas isso não é motivo para que briguemos, para que nos indisponhamos com eles. Não, não. É importantíssimo que nossos amigos tenham trânsito livre na nossa intimidade como nós queremos transitar livremente junto deles, na intimidade da convivência com eles.

 

É muito importante essa consciência de que o amigo é aquele capaz de dar a sua vida pela vida do outro amigo. Daí, a amizade ser quase irmandade. Uma pessoa que é amiga é uma pessoa irmã.

 

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Essa alma irmã, que se tornou amiga da nossa, merece de nós a fidelidade na amizade. É muito importante sermos amigos fiéis, daqueles que se diz são amigos para toda obra, paus para toda obra, amigos em quaisquer circunstâncias.

 

Encontramos na Terra alguns que são amigos da onça. Só são nossos amigos quando tudo está bem, quando temos dinheiro, quando a casa está farta, quando gastamos com eles, quando lhes prestamos ajuda. Quando as coisas ficam diferentes, quando acaba o dinheiro, quando acaba a fama, quando já não lhes podemos prestar qualquer assistência desaparecem do nosso convívio.

 

Mas temos amigos com os quais fazemos as mesmas coisas. Há amigos que só buscamos quando estamos precisando. Há amigos que só recorremos, só lembramos de lhes telefonar quando as coisas estão difíceis para nós.

 

Num revés da vida, num problema afetivo, conjugal, aí nós os procuramos. Seria tão importante se aprendêssemos a ser fiéis aos nossos amigos e fôssemos amigos deles em quaisquer ocasiões.

 

Do mesmo modo, gostamos dos amigos que nos são amigos em qualquer clima da vida, em qualquer momento do mundo. Ao lado dessa fidelidade ao amigo não há porque desconfiar deles. Se as pessoas são nossas amigas por que desconfiar delas?

 

Amigos verdadeiros. Não confundamos a ideia de amigos com colegas. Na nossa repartição de trabalho, temos muitos colegas que a gente não se visita, não vai à casa deles, eles não vão à nossa casa. São colegas ali do ambiente, do métier profissional.

 

Temos colegas da rua, do campo de futebol, da peleja, da bola, da pelada. Temos colegas de todo o tipo mas não passam de colegas.

 

A amizade pressupõe uma confiança, uma abertura, uma transparência que o coleguismo não importa. É muitíssimo importante que os nossos amigos sejam valorizados por nós. Não nos esqueçamos de que, um dia, Jesus Cristo nos disse, conforme os textos exarados no Evangelho de João: Já não vos chamo de servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Tenho vos chamado amigos porque tudo quanto aprendi do meu Pai, vos tenho revelado. Notemos bem porque é que Jesus Cristo nos diz que Ele é nosso Amigo: Tudo quanto aprendi do meu Pai vos revelei. Então, o amigo tem esse caráter de abertura, de não esconder do outro, de não mentir para o outro mas de oferecer ao outro a mesa farta da nossa sinceridade, a mesa farta da nossa honestidade.

 

Já não vos chamo servos porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor foi a expressão de Cristo. Tenho vos chamado amigos. Por quê?  Porque tudo quanto aprendi do meu Pai vos tenho revelado. É natural que pensemos que  essa também é uma expressão simbólica porque Cristo não poderia nos ter passado Tudo o que Ele aprendeu do Pai Celeste.

 

Não porque não quisesse mas porque não poderia. Nós não suportaríamos toda a verdade que Cristo aprendeu de Deus, nas limitações em que ainda nos encontramos hoje, mais de dois milênios passados do Seu berço. Imaginemos ao Seu tempo. Éramos ainda muito mais frágeis, intelectualmente, moralmente, emocionalmente. Daí, Ele dizer que tudo quanto o Pai lhe ensinara, Ele nos estava passando. Tudo o que correspondia ao grau de nossa capacidade de assimilação, de aprendizagem.

 

Então, o amigo também tem que ter esse cuidado com seus amigos. Passamos para o amigo todas as coisas que ele suporta, que ele consegue administrar para que não joguemos todo o peso da nossa intimidade, da nossa mentalidade, da nossa vivência sobre ele e ele não suporte e não tenha condições de segurar.

 

A amizade é quase irmandade. Ser amigo é ser fratello, é ser irmão. Por isso, vale a pena ampliarmos o leque de nossa amizade no mundo e diminuir tanto quanto possamos as inimizades, enquanto na Terra.

 

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 181, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.

Programa gravado em setembro de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 03.01.2010.

Disponível no DVD Vida e Valores, v. 5, ed. Fep.

Em 22.03.2010.

 

 

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 Há um provérbio popular que estabelece que a pressa é a inimiga da perfeição. Quem é que nunca ouviu isto? Sempre ouvimos falar que a pressa perturba o trabalho da perfeição.

 

Naturalmente que esse provérbio deve querer dizer que se nós fazemos as coisas atabalhoadamente, apressadamente, temos todas as possibilidades de cometer erros, de cometer equívocos, de esquecer coisas, de desacertar. Todos nós temos experiências em nossas vidas. Quando saímos de casa correndo, esquecemos alguma coisa para trás, deixamos alguma coisa aberta, a lâmpada acesa ou aquilo que a gente ia levar para fazer nós esquecemos em casa.

 

É muito comum percebermos como é que a pressa nos complica, nos agita, nos excita. E, neste mundo no qual vivemos, o que mais tem é excitação, corre-corre. Estamos num mundo de estresses. As pessoas estão sempre agitadas, sempre atrasadas, sempre atrazadas para algum compromisso.

 

Quanto mais tempo se dá às pessoas menos tempo elas têm. A Humanidade recebeu vários implementos do progresso: as máquinas para nos facilitar os trabalhos, máquinas domésticas, lavadoras, passadeiras, lavadoras de louça, fogões autolimpantes. Tudo eletrônico, tudo eletrificado, tudo fácil. Geladeira que se descongela, geladeira que produz gelo, que a gente tira na porta. Tudo para facilitar a nossa vida.

 

E estamos sempre correndo.  Nunca temos tempo. Algo está equivocado. Se Deus não comete equívocos, esses equívocos devem ser cometidos por nós. A calma é a grande palavra nesse momento.

 

Ter calma é algo importantíssimo nas nossas relações sociais, familiais e nas relações conosco também. Mas ser calmo é mais importante ainda. Muita gente diz assim: Perdi a calma com Fulano.

 

Como é que se perde a calma? Como é que se perde a paciência? Se a calma quanto a paciência são virtudes entronizadas no nosso ser, são virtudes já assimiladas pelo ser, como é que a gente perde? Quando dizemos que perdemos a calma ou que perdemos a paciência estamos estabelecendo que nós nunca fomos calmos, nunca fomos pacientes. A calma e a paciência ainda não eram atributos da nossa personalidade, éramos pacientes por conveniência, quando tínhamos interesses.

 

Éramos calmos por conveniências, quando algum interesse nos feria os desejos. Daí vale a pena nós pensarmos que, ao falar-se em calma, não se deve pensar naquela paralisia, naquela lerdeza, naquela incapacidade que caracteriza tanta gente no mundo. Quando se pensa que elas estão realizando algum serviço elas ainda não foram! Quando se imagina que já estejam voltando com o produto do que realizaram, ainda não se foram.

 

Não, não é isto a calma. Isso é pachorra, preguiça, acomodação ou qualquer outro nome correlato que lhe queiramos dar.  A calma é uma virtude ativa. A pessoa é calma no pensamento, avalia o que tem para fazer, o que vai fazer, como deseja fazer, qual é a intensidade do seu fazer. Uma pessoa calma. Ela tem tudo já estruturado na mente mas não se assoberba.

 

Jesus Cristo nos propôs isso: Não vos atormenteis pelo dia de amanhã. A cada dia já basta o seu afã. Segundo algumas traduções: A cada dia já basta o seu mal.

 

Esse recado de Jesus Cristo é em prol da paciência. Se somos pacientes, se formos pacientes não nos importe o dia de amanhã porque estaremos conscientes de que o dia de amanhã não será  outra coisa se não a consequência do nosso dia de hoje.

 

Então, não nos vale sofrer pelo amanhã senão viver bem o dia de hoje.     No dia de hoje, plasmamos o amanhã, plasmamos o futuro. Então, o mais importante é que aprendamos a ser calmos. É um trabalho que leva tempo, exige o nosso esforço pelo autoconhecimento,  a fim de que verifiquemos as áreas mais sensíveis da nossa personalidade onde qualquer estiletada, qualquer contato pode nos fazer explodir, atormentar por falta de calma.

 

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Na medida em que nós ajamos com calma, diante das situações, teremos tempo de refletir sobre a calma. Por que se consegue calma? A calma é um estado de autocontrole que o indivíduo exerce sobre si mesmo. A calma é a consequência do estado de confiança. Na medida em que temos confiança em nós, nas instituições, nas coisas, adquirimos calma, sabemos que tudo vai acontecer no tempo certo.

 

Se somos deístas, se adotamos qualquer crença deísta, temos o dever de trabalhar em prol da calma porque é dessa calma que nós conseguimos refletir melhor sobre o Cosmo, sobre a vida na Terra, sobre nós e o que estamos fazendo aqui, o que nos cabe fazer aqui, qual o motivo pelo qual o Criador nos trouxe para cá.

 

E, dentro dessa visão das coisas, nós entenderemos a calma de Deus. Por que  podemos dizer a respeito da calma de Deus? Está tão certo nosso Criador de que mais cedo ou mais tarde todos teremos que chegar à felicidade, à vitória sobre nós mesmos, que criou para nós a dimensão temporal. O tempo é o grande agente que nos prodigaliza alcançar a calma.

 

É através do tempo que nós verificamos um dia atrás do outro, sem fazer alarde, sem tumulto. Os dias que se sucedem, as noites que se sucedem, os dias demonstrando a paciência de Deus. Colocamos uma semente na terra e esperamos que ela germine, que ela cresça, floresça, possa dar frutos. Trabalho de paciência.

 

Nenhum lavrador colocaria a semente no chão e a semana que vem desejaria colher os frutos dessa sementeira. Há que se ter paciência. Daí, quando pensamos nessa paciência de Deus, gerando nas nossas vidas a possibilidade de trabalhar, no tempo e no espaço, começaremos a verificar o tempo que nós mesmos perdemos com as agitações, com as excitações.

 

Se tivermos que falar alguma coisa com alguém, falemos com calma. Não importa se alguém dirá que temos sangue de barata. É muito comum as pessoas calmas serem confundidas com aquelas que têm sangue de barata.  Diz-se que alguém tem sangue de barata quando não reage, quando está daquele jeito o tempo todo.

 

Mas a proposta dos bons Espíritos é por nossa ação positiva no caminho da calma. É tão importante na hora que vemos que o sangue ferve, entrar para o quarto, guardar-se no aposento, tomar um banho frio para relaxar. Não vale a pena dar vazão ao temperamento, não vale a pena dar vazão às agitações do intimo.

 

Vale a pena, sim, trabalharmos pela manutenção da nossa calma. Sabemos que durante doze horas o dia estará iluminado pelo astro rei e, dali a pouco, teremos a noite pintalgada de estrelas. Ao longo dos dias e das noites fecha-se a semana, fecha-se o mês, fecha-se o ano.

 

Como nenhum de nós sabe, nesse ínterim, nesse interregno até quando o Criador pretende que fiquemos por aqui, exercitemos a nossa calma enquanto é hoje. Quando em nossa casa as coisas parecerem nos tirar do sério, ocultemo-nos no quarto, apelemos para a oração consciente, contrita, pedindo ao nosso Criador, ao Sempiterno as bênçãos para que nós não nos percamos no caminho da calma.

 

Não é que nós vamos perder a calma, é que nós não deveremos nos perder na excitação, na agitação. Quando pensamos na calma de Deus, verificamos o quanto que Ele nos espera, há quanto tempo que nos aguarda. Só a partir de Jesus são dois milênios que já se passaram.

 

E como é que eu não terei paciência e calma diante dos equívocos, dos erros, dos tropeços dos meus entes queridos, daqueles que me cercam na trajetória do mundo? Calma sempre. Aja com calma.










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Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 195, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em janeiro de 2009.
Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 11.04.2010X.
Em 13.8.2020












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