Especialistas em comportamento humano apontam os riscos de alimentar e desenvolver impulsos e desejos sobre o que pertence ao outro; condição pode causar transtornos físicos
Todo mundo, alguma vez na vida, já ouviu ou vivenciou aquela famosa história da visita que chega e, depois de elogiar a planta de sua casa, vai embora e as lindas rosas murcham e morrem em poucos dias. Ou já experimentou contar uma notícia feliz e, pouco tempo depois, a viu se transformando, estranhamente, em tristeza, quem sabe até em tragédia.
Segundo a crença popular, existe nesses casos algo que vai muito além do que podemos ver ou tocar. Para muitos, está aí o tal olho gordo, ou melhor, um dos sete pecados capitais: a inveja. Mas será que isso não é mais uma invenção de nossas cabeças? É possível a alegria alheia incomodar? Amigos leitores, protejam-se: a inveja não só existe como também pode prejudicá-los, principalmente em tempo de grandes exposições.
Considerado um dos sentimentos mais difusos e, ao mesmo tempo, o que temos mais dificuldades para admitir, a inveja é uma palavra que vem do latim invido, de olhar mau, ou melhor, de um mau-olhado. O mais renegado dos sete pecados capitais é uma emoção inerente à condição humana, por mais difícil que seja confessá-la. Ao mesmo tempo em que o ciúme é querer manter o que se tem e a cobiça é desejar aquilo que não lhe pertence, o invejar é não querer que o outro tenha.
Existe uma fábula que diz que, certa vez, um homem, extremamente invejoso de seu vizinho, recebeu a visita de uma fada, que lhe ofereceu a chance de realizar um desejo. "Você pode pedir o que quiser, desde que seu vizinho receba o mesmo e em dobro", sentenciou. O invejoso respondeu, então, que queria que ela lhe arrancasse um olho. Moral da história: o prazer de ver o outro se prejudicar prevaleceu sobre qualquer vontade.
É por aí que esse sentimento atua. De acordo com a fundadora do Instituto de Pesquisas em Terapia Quântica, psicóloga, psicanalista e terapeuta quântica Carmem Farage, podemos separar a inveja em material e moral. “Na primeira, queremos ter o que o outro tem e, na, segunda, queremos ser o que o outro é. Essa última é a mais dolorosa das duas. Pode ser, às vezes, muito sutil, fazendo com que o invejoso ambicione secretamente as qualidades de alguém a quem ele admira secretamente”, diz.
Ela afirma que o material pode ser comprado ou roubado. "Mas como tirar de alguém uma qualidade? Então, o invejoso passa a imitar – numa tentativa insólita de ser o que não é e que o deixa sempre muito infeliz, mal-humorado e raivoso com a vida. Essa energia negativa volta contra a própria pessoa, fazendo mais mal ao invejoso do que ao invejado, envenenando corpo e mente”, decreta.
Para a taróloga Arlete Siqueira, o sentimento é um mal forte, que pode até matar. “Geralmente, ele está dentro de casa, entre irmãos e parentes. Existe a inveja que quer ter o que você tem e aquela que não quer que você tenha. A última é a pior delas, é para derrubar”, comenta. Segundo o psicólogo Fabrício Ribeiro, professor de saúde mental e direito do Centro Universitário Newton Paiva, desejamos só aquilo que não temos. “Aquilo que tenho, não desejo. Por isso, dizemos que a inveja é querer aquilo que está na mão do outro. É sempre bom lembrar que a natureza humana não é tão boa assim”, avisa Fabrício.
CUIDADO
Mas, até que ponto essa energia negativa pode destruir o invejado? Como nós, meros mortais, podemos evitar em cair na tentação de invejar? Há como se proteger desse sentimento? Para essas e tantas outras perguntas que rondam o imaginário popular toda vez que se toca nesse assunto, o Bem Viver entrevistou especialistas em diversas áreas. Todos disseram que sim, a inveja existe e é preciso cuidado com ela. E avisam: não grite alto a sua felicidade, a inveja tem sono leve.
A felicidade alheia incomoda? Infelizmente, sim. A inveja existe e pode trazer impactos negativos para o invejoso e para o invejado. O melhor é se proteger e não deixar que ela destrua você.
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