Quando uma
pessoa assume, entende e interioriza que merece ser feliz, a vida dá um jeito, os dias orquestram novas oportunidades, as
fechaduras se abrem e os inimigos se transformam em estátuas de sal que o vento
leva consigo. Nada pode nos deter quando enxergamos que somos merecedores da
alegria e ninguém mais tem voz para colocar medos nas nossas vontades.
Emily
Dickinson dizia, com toda razão, que as pessoas ignoram a própria altura até se colocarem em pé. O
mais curioso de tudo isso é que muitas vezes é a própria educação, a sociedade
e as pessoas com quem convivemos que, em geral, preferem quando ficamos
sentados, quando somos submissos, quietos e obedientes.
De fato, foi
exatamente isso que aconteceu com a poetisa de Massachusetts, para quem as
decepções, os medos e as tristezas acabaram fazendo com que se isolasse em seu
quarto, na casa da família em Amherst, transformando-se em uma fraca sombra, em
uma figura magérrima que os vizinhos enxergavam pelas janelas. Dos seus 1.800
poemas escritos, viu serem publicados apenas alguns. E das pessoas que faziam
parte da sua vida, amou apenas uma, mas nenhum dos dois foi corajoso o bastante
para dar o primeiro passo.
Eram outros
tempos, não há dúvidas. Em outras mentalidades fica mais claro. No entanto, por
mais curioso que pareça, o complexo universo das emoções, das
inseguranças e da falta de confiança em si mesmo é um refrão que nunca sai de
moda. É como uma moviola que nunca para, que nos traz a magia de uma
situação e que a deixa ir, que nos ensina o que é a felicidade e aos poucos a
leva, nos deixando com a vontade, as mágoas, a lembrança e o arrependimento.
Arrependimento
por não termos nos atrevido a fazer “algo mais”, por não termos lutado, por não nos
sentirmos merecedores dessa oportunidade única, por não termos reunido coragem
suficiente para batalhar por aquele amor perdido…
Você merece
uma vida melhor
Ana começou a
frequentar a academia porque deseja levar uma vida mais saudável. Ela vai todos os dias das 19h às 20h,
mas continua fumando dois maços de cigarro por dia. Carlos perdeu seu trabalho
há 9 meses. Ele sai todos os dias para entregar currículos, mas ao voltar para
casa começa a comer de maneira compulsiva, tanto que sua mudança física é
bastante chamativa. Marta terminou uma relação amorosa muito turbulenta há um
mês e desde então tem acessado obsessivamente páginas de encontros amorosos na
Internet com a ideia de encontrar o “par perfeito”.
Todos esses
exemplos podem ser resumidos em uma ideia central que todos nós
conhecemos: enquanto buscamos o equilíbrio em uma área da nossa vida,
andamos para trás em outra de uma maneira preocupante. É como se não
entendêssemos por completo que merecemos uma vida melhor e isso nos leva
frequentemente a não cuidar de nós mesmos de uma forma mais completa, mais
íntegra. Por que fazemos isso? Por que não assumimos por completo o verdadeiro
controle da nossa realidade para alcançar o bem-estar?
Devemos
buscar a resposta para essa pergunta não apenas no nosso passado, mas na própria
incapacidade de cuidar de nós mesmos, de estimular o bem-estar psicológico e, principalmente, de lidar com as
próprias emoções. Nos três exemplos citados, vimos que cada uma das
pessoas realiza algumas ações específicas: uma vai à academia, a outra procura
trabalho todos os dias e a última terminou um relacionamento infeliz e
complexo.
No
entanto, o resto dos comportamentos dão forma aos buracos negros tão
comuns: a ansiedade, a incerteza, o medo do futuro, a incapacidade de estar
sozinho, o vício em alguma substância… Todos nós sabemos que merecemos uma vida
melhor, mas não sabemos como atender as verdadeiras necessidades, aquelas que
habitam uma camada mais íntima, mais profunda do nosso ser…
Confie em
você, porque ser feliz não é uma necessidade, é um direito
A vida vai
nos trazer mais oportunidades apenas se colocarmos um pé na frente do outro e
sairmos para procurá-las. A felicidade vai bater à nossa porta apenas se formos
receptivos, se estivermos atentos, preparados e principalmente… dispostos.
Porque quem se deixa levar pelos medos e pelas inseguranças vai
naufragar na ilha dasoportunidades perdidas. Porque quem se rende
frente às decepções, vai escolher cedo ou tarde o mesmo isolamento físico e
mental que Emily Dickinson impôs a si mesma.
“Acho que não
sou como Emily Dickinson, que manteve as coisas que achava mais bonitas
guardadas no seu caixão.”
-Jeff Bridges-
-Jeff Bridges-
Nesses tempos
em que encontramos no Twitter e no Facebook as pílulas da felicidade em forma
de frases bonitas, existe algo que nunca devemos perder de vista. Algo que os
críticos da psicologia positiva nos lembram muito bem: devemos aprender
a aceitar as experiências dolorosas sem nos importar com a dificuldades que elas nos impõem. Um adeus,
uma decepção ou um fracasso é algo que se deve “engolir”, sem escolha… No
entanto, após mergulhar no abismo caótico que são as emoções negativas, é
momento de emergir. E faremos isso sendo mais fortes ainda. Nos sentindo cada
vez mais valiosos.
Nesse nosso
complexo e exigente dia a dia, devemos interiorizar que as pessoas não merecem
apenas se sentirem bem, em paz, sentir satisfação, liberdade, sucesso e o sabor
das alegrias. Todas essas coisas são na verdade DIREITOS. Porque não importa
qual seja nossa história, nem de onde viemos, nem quem somos… Todos
temos pleno direito de sermos felizes e escolhermos uma maneira para tal.
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