quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

As chuvas dos olhos

 As chuvas dos olhos


Chove.
Na fonte das águas, chove.
Na fronte das lágrimas do pretérito calado.
Lavando a chuva dos olhos cansados.
Chovendo nos mares, nos mares amados.

Há quanto tempo você não chora?
Há quanto tempo seus olhos não são inundados por lágrimas, por essas pequenas gotas que parecem nascer em nosso coração? Há quanto tempo?
Assim como o fenômeno natural da precipitação atmosférica, a chuva, realiza o trabalho de purificar a terra, a água e o ar, também nossas lágrimas têm tal função.
A de limpar nosso íntimo, a de externar nossas emoções, sejam elas de alegria ou de pesar.
Precisamos aprender a expressar nossos sentimentos.
Nossa cultura possui conceitos arraigados, como o de que homem não chora, ou que é feio chorar, que surgem em nossas vidas desde quando crianças, na educação familiar, e acabam por internalizarem-se em nossa alma, continuando a apresentar manifestações na vida adulta.
Sejamos homens ou mulheres na Terra, saibamos que todos rumamos para a busca da sensibilidade, do autodescobrimento e da expressão de nossos sentimentos.
Tudo que deixarmos guardado virá à tona, cedo ou tarde.
Se forem bons os sentimentos contidos, estaremos perdendo uma oportunidade valiosa de trazê-los ao mundo, melhorando nossas relações com o próximo e conosco mesmo.
Se forem sentimentos desequilibrados, estaremos perdendo a chance de encará-los, de analisá-los e de tomar providências para que possam ser erradicados de nosso interior.
As barreiras que nos impedem de nos emocionarmos, de chorar são, muitas vezes, as mesmas que nos fazem pessoas fechadas e retraídas.
Barreiras que carecemos romper para que nossos dias possam ser mais leves, mais limpos, como a atmosfera que recebe a água da chuva e nela encontra sua purificação.
As chuvas dos olhos fazem um bem muito grande.
Desabafar, colocar para fora o que angustia nosso íntimo ou o que lhe dá alegria é um exercício precioso. Um hábito salutar.
Dizer a alguém o quanto o amamos, quando esse sentimento surgir em nosso coração – mesmo sem um motivo especial -, será sempre uma forma de fortalecimento de laços.
De construção de uma união mais feliz e, principalmente, um recurso para elevarmos nossa autoestima, nosso auto amor.
*   *   *
Deus nos concedeu a chuva para regar os campos, para tornar mais puro o ar.
Também nos presenteou com as lágrimas para que as nossas paisagens íntimas pudessem ser regadas e para que os ares do Espírito encontrassem a pureza.

Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita v. 12 e no
livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP.
Em 14.1.2014.

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