Lar com mãe ou pai solo não afeta o bem-estar da
criança, conclui estudo
Uma nova pesquisa
revela que o bem-estar das crianças não é afetado negativamente por morar em um
lar monoparental, ou seja, só com o pai ou a mãe. E mais, elas podem ser até beneficiadas
com isso! Entenda
Por Sabrina Ongaratto - atualizada em
22/01/2019 08h41
Um estudo divulgado pela Universidade de Sheffield, no Reino
Unido, deve acabar com aquela velha ideia de que crianças criadas por apenas um
dos pais são "coitadinhas" ou "desajustadas". Pelo
contrário, os cientistas comprovaram que, além de não prejudicá-las, o lar
monoparental ainda pode trazer diversos benefícios.
Para chegar a essas conclusões, foram analisadas mais de 27 mil famílias entre
2009 e 2011, por meio de dados obtidos pelo Estudo Longitudinal Familiar do
Reino Unido, "Entendendo a Sociedade". Além disso, os ciestistam
pediram que as pessoas classificassem o seu bem-estar em três categorias
diferentes: "satisfação com a vida", "sentimentos sobre a sua
família" e "qualidade das relações com os pares".
Mais satisfação e sentimentos
positivos
Em todos os três aspectos, aqueles que foram
criados em famílias monoparentais relataram melhor satisfação, além de
demostrarem sentimentos mais positivos sobre sua família. Essas pessoas também
tendiam a relatar relacionamentos menos problemáticos com seus pares. O
relatório final afirma: "Em todos os casos, as diferenças entre aqueles
que nunca viveram em famílias monoparentais e aqueles que vivenciaram ou sempre
viveram em famílias monoparentais são estatisticamente significantes, mostrando
que a diferença que observamos é improvável que tenha ocorrido por acaso."
O estudo ainda explica que,
normalmente, as famílias monoparentais costumam receber mais ajuda dos avós.
"Isto é particularmente evidente com apoio financeiro e ajuda prática com
tarefas como preparar refeições e fazer tarefas diárias", apontam as
conclusões da pesquisa, liderada pelo professor Sumi Rabindra Kumar.
Para os pesquisadores, o estudo desafia
as narrativas políticas e públicas comuns em torno das famílias monoparentais.
"Crucialmente, há sinais claros de que o bem-estar das crianças não é
afetado negativamente por viver dentro de um lar de pais solo. Essa nova visão da
vida familiar deve agora ser refletida na formulação de políticas e pesquisa.
Ignorar essas tendências corre o risco de ficar fora de contato com a realidade
das vidas cotidianas e com o cenário familiar do Reino Unido", conclui
Kumar.
Pais separados, amor em dobro
Há dois anos, a jornalista Lisandra,
39, mora sozinha com a filha Lara, 6. (Foto: Arquivo pessoal)
Apesar de a pesquisa ter sido realizada na Europa,
essa realidade não parece tão distante do Brasil. Aqui, o modelo tradicional
que, em 1995, correspondia a aproximadamente 58% das famílias, caiu para 42%,
segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2015.
A jornalista Lisandra Reis, 39, é um exemplo.
Depois da separação, ela conta que as mudanças no comportamento da filha Lara,
6, são bastante perceptíveis. “Há dois anos morando eu e Lara, percebo o senso
de responsabilidade e independência dela", diz a mãe.
Para ela, a principal dica é falar a verdade
sempre, nunca mentir. "Sempre fomos muito claros e sinceros, dentro da
capacidade de ela entender, sobre a decisão de morarmos assim, separados. E ela
entende muito bem e lida muito bem com a situação. Até porque fazemos tudo pelo
bem estar dela. Conseguimos lidar bem com a situação. É uma criança segura,
feliz e alegre”, completa.
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