terça-feira, 30 de abril de 2019

Lar com mãe ou pai solo não afeta o bem-estar da criança, conclui estudo


Lar com mãe ou pai solo não afeta o bem-estar da criança, conclui estudo

Uma nova pesquisa revela que o bem-estar das crianças não é afetado negativamente por morar em um lar monoparental, ou seja, só com o pai ou a mãe. E mais, elas podem ser até beneficiadas com isso! Entenda
Por Sabrina Ongaratto - atualizada em 22/01/2019 08h41


Um estudo divulgado pela Universidade de Sheffield, no Reino Unido, deve acabar com aquela velha ideia de que crianças criadas por apenas um dos pais são "coitadinhas" ou "desajustadas". Pelo contrário, os cientistas comprovaram que, além de não prejudicá-las, o lar monoparental ainda pode trazer diversos benefícios.
Para chegar a essas conclusões, foram analisadas mais de 27 mil famílias entre 2009 e 2011, por meio de dados obtidos pelo Estudo Longitudinal Familiar do Reino Unido, "Entendendo a Sociedade". Além disso, os ciestistam pediram que as pessoas classificassem o seu bem-estar em três categorias diferentes: "satisfação com a vida", "sentimentos sobre a sua família" e "qualidade das relações com os pares".
Mais satisfação e sentimentos positivos

Em todos os três aspectos, aqueles que foram criados em famílias monoparentais relataram melhor satisfação, além de demostrarem sentimentos mais positivos sobre sua família. Essas pessoas também tendiam a relatar relacionamentos menos problemáticos com seus pares. O relatório final afirma: "Em todos os casos, as diferenças entre aqueles que nunca viveram em famílias monoparentais e aqueles que vivenciaram ou sempre viveram em famílias monoparentais são estatisticamente significantes, mostrando que a diferença que observamos é improvável que tenha ocorrido por acaso."
O estudo ainda explica que, normalmente, as famílias monoparentais costumam receber mais ajuda dos avós. "Isto é particularmente evidente com apoio financeiro e ajuda prática com tarefas como preparar refeições e fazer tarefas diárias", apontam as conclusões da pesquisa, liderada pelo professor Sumi Rabindra Kumar.
Para os pesquisadores, o estudo desafia as narrativas políticas e públicas comuns em torno das famílias monoparentais. "Crucialmente, há sinais claros de que o bem-estar das crianças não é afetado negativamente por viver dentro de um lar de pais solo. Essa nova visão da vida familiar deve agora ser refletida na formulação de políticas e pesquisa. Ignorar essas tendências corre o risco de ficar fora de contato com a realidade das vidas cotidianas e com o cenário familiar do Reino Unido", conclui Kumar.
Pais separados, amor em dobro
Há dois anos, a jornalista Lisandra, 39, mora sozinha com a filha Lara, 6. (Foto: Arquivo pessoal)
Apesar de a pesquisa ter sido realizada na Europa, essa realidade não parece tão distante do Brasil. Aqui, o modelo tradicional que, em 1995, correspondia a aproximadamente 58% das famílias, caiu para 42%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2015.
A jornalista Lisandra Reis, 39, é um exemplo. Depois da separação, ela conta que as mudanças no comportamento da filha Lara, 6, são bastante perceptíveis. “Há dois anos morando eu e Lara, percebo o senso de responsabilidade e independência dela", diz a mãe.
Para ela, a principal dica é falar a verdade sempre, nunca mentir. "Sempre fomos muito claros e sinceros, dentro da capacidade de ela entender, sobre a decisão de morarmos assim, separados. E ela entende muito bem e lida muito bem com a situação. Até porque fazemos tudo pelo bem estar dela. Conseguimos lidar bem com a situação. É uma criança segura, feliz e alegre”, completa.

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