Perceba como modificar as situações negativas no dia-a-dia
Não adianta plantar banana e querer colher laranja, nem muito menos plantar alface e querer colher maçã. Afinal, a gente colhe o que planta, não é mesmo? Nossa vida também é assim, plantamos ações, intenções, emoções, pensamentos e tudo que se passa dentro de nós. Não semeamos apenas as nossas palavras e ações, mas plantamos o que somos a cada momento, com todas as sementes de nossas emoções, pensamentos e aspectos mais sutis, dos quais muitas vezes nem mesmo estamos conscientes.
Quantas vezes não nos empenhamos em conseguir um relacionamento, mas nada acontece? Mudamos nossa maneira de agir com as pessoas no trabalho, mas mesmo assim o clima ruim continua? Tentamos todas as abordagens com nossos filhos, brigando, sendo gentil, sendo mais indiferente, mas eles insistem no comportamento desagradável?
É fácil perceber que fazer sempre a mesma coisa e esperar um resultado diferente é algo que não faz muito sentido. Seria como plantar banana, achando que é laranja, perceber que há algo errado na colheita e mesmo assim continuar com as mesmas expectativas, sem fazer nada para mudar. E como se não fosse suficientemente ruim, ainda nos lamentamos e reclamamos que nada dá certo para nós.
MAIS DO QUE ATITUDES, É PRECISO MUDAR PENSAMENTOS E CRENÇAS
Porém, se tentamos diversas atitudes, mas os resultados não mudam, bem provavelmente não estamos conseguindo identificar que na realidade todas as tentativas - apesar de diferentes - não mudaram a semente da situação. Muitas vezes, as sementes das experiências que colhemos em nossa vida não estão no plano das atitudes físicas e palavras, mas sim em nossos sentimentos, motivações, crenças e pensamentos. Pode ser que as misteriosas sementes daninhas estejam nas atitudes emocionais, mentais e espirituais.
Ao pensar nessas questões, lembro-me de dois programas na TV. Um é aquele das babás que ajudam mães e pais - que têm dificuldades em lidar com seus filhos - a "domar as ferinhas". Em 100% dos casos, elas mostram que não são somente as ações e as palavras dos pais que acarretam o comportamento problemático das crianças, mas principalmente as emoções e os sentimentos dos pais entre si e também na relação com os filhos. Geralmente, há situações mal resolvidas entre os pais, seja como casal ou na condução da educação das crianças. Diante do mau comportamento dos filhos, há também uma expectativa negativa em relação a eles, algo como um desânimo, um sentimento de fraqueza e impotência diante da situação.
Mas por que as crianças reagem melhor à babá do que aos pais? Simplesmente por que ela é uma estranha a eles? Não. Mas sim porque a atitude dela, seja por meio de palavras, ações, emoções, pensamentos ou outros aspectos mais sutis, estão em harmonia. É claro que pelo fato da babá não conviver com as crianças faz com ela tenha um sentimento diferente dos pais, que geralmente já se encontram em um alto nível de exaustão. Porém, a grande diferença está no fato da babá se manter em seu poder pessoal, ou seja, não se deixar intimidar pelos testes que a criança lhe impõe, mantendo autoridade em sua postura, confiança e esperança de que a criança pode agir harmoniosamente, mesmo quando ela insiste em lhe desafiar. Ela não se deixa abalar ou afetar pela criança, como seus próprios pais fazem.
Na maioria das vezes, o que a babá faz é sinalizar aos pais como o comportamento das crianças é fruto das tensões geradas no relacionamento do casal e semeadas na relação com os filhos. Além disso, os problemas também podem ser frutos das expectativas negativas que os pais criam sobre os filhos, ao serem confrontados com o comportamento distorcido dos pequenos.
Outro exemplo interessante é dado no programa do encantador de cães, um treinador e adestrador que faz até os cachorros mais incontroláveis se dobrarem a ele. O adestrador também sempre mostra como os problemas de comportamento dos bichinhos de estimação na realidade são apenas reflexos das inseguranças e de outros medos e problemas dos seus donos.
Tanto as babás quanto o encantador de cães mostram que enquanto pais e donos de bichos plantam as sementes da insegurança, impaciência, impotência e falta de crença, eles conseguem resultados diferentes, que às vezes parecem até mágicos ou milagrosos. Esses especialistas plantam as sementes de paciência, autoridade positiva, confiança em si e no outro, mesmo quando as crianças ou os bichinhos tentam mostrar o contrário - como se tentassem demovê-los de sua esperança e crença positiva. Os pais ou donos de animais sucumbem aos seus próprios medos e inseguranças. Esses sentimentos são plantados nas relações com as crianças e os bichos, e colhidos no comportamento deles, fazendo com que a pessoa se sinta impotente para lidar com a situação.
O QUE VOCÊ ESTÁ PLANTANDO?
O mesmo acontece em nossas situações de vida, quando somos desafiados com o "sumiço" dos pretendentes da vida afetiva, com os colegas ou chefes que tripudiam de nós, com a sequência de dificuldades que vive a nos perseguir, ou qualquer outra situação desagradável que vivenciamos.
São as sementes de nossos próprios medos, na forma de sentimentos e crenças negativas, que plantamos em qualquer aspecto de nossas vidas e cujos frutos colhemos. Se plantamos as sementes da carência, é bem provável que colheremos algo como relacionamentos problemáticos ou a ausência de qualquer um deles. Se plantamos a semente da doação exagerada, fazendo tudo pelos outros e trabalhando exageradamente para manter o controle absoluto, podemos acabar colhendo atitudes intimidadoras e ameaçadoras das pessoas ou, por outro lado, atraindo pessoas extremamente descompromissadas, por exemplo. Esses são apenas dois exemplos, mas os frutos de nossas atitudes sutis podem ser variadas e acontecer nos diversos aspectos da vida.
É fácil perceber que plantar banana não vai gerar laranjas, mas é um pouco mais difícil quando não estamos prestando atenção ao que plantamos de maneira sutil em nossa vida, ainda mais se não estivermos dispostos a admitir nossos próprios equívocos. Quantas vezes nos pegamos lamentando: "eu tento tanto, me esforço tanto, então por que não estou conseguindo alcançar os resultados que desejo?". Muitas vezes acreditamos que nosso desejo de plantar banana e colher laranja deve ser atendido pela vida ou pelo universo, pelo simples fato de estarmos plantando e nos esforçando. Assim, tentamos muitas vezes mudar e lutar contra as regras da vida, quando na realidade muitas coisas simplesmente são como são, gostemos disso ou não.
A ARTE DE OLHAR PARA DENTRO DE SI
Pode ser que a não-concretização dos resultados desejados seja decorrente apenas do tempo da germinação, e que os frutos ainda levem um tempo para acontecer. Já que estamos plantando corretamente, em alguns casos é apenas uma questão de paciência para que o tempo de cultivo chegue. Mas podemos estar realmente enganados, achando que estamos plantando algo quando na realidade estamos plantando outra coisa. É só através da atenção e da auto-observação contínua que poderemos desenvolver esse discernimento e sabedoria.
Portanto, ao se deparar com qualquer situação negativa em sua vida, procure se questionar e perceber que tipo de semente você está plantando nela - com todas as suas atitudes, palavras, sentimentos, pensamentos, crenças - mesmo que não intencionalmente. Avalie o que pode estar trazendo tais frutos negativos para sua vida. Mesmo que de início não consiga tirar conclusões, continue observando, pois sua percepção se desenvolverá cada vez mais, assim como sua habilidade de plantar o que realmente deseja. O importante é perseverar e não desistir!
Veja abaixo algumas perguntas que podem lhe ajudar a perceber o que está errado em sua vida:
- Você identifica aspectos na vida em que planta uma coisa, mas colhe outra?
- Quais emoções e sentimentos levam você a desejar o fruto/resultado que não está conseguindo colher? Que sementes você está realmente plantando?
- Quais medos podem estar atrapalhando você na colheita do fruto/resultado?
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